Sara, Angela e Margherita são como quaisquer outras irmãs, com as suas rivalidades, mas também com os seus laços. E têm uma vida feliz, ainda que as exigências da mãe as exasperem, por vezes. Mas tudo muda quando chega à Líbia a ordem de que todas as crianças devem ser enviadas para uma colónia de férias em Itália, a fim de conhecerem a pátria e receberem uma educação de acordo com os valores que a definem. E depois começa a guerra, e os três meses previstos transformam-se numa estadia sem prazo. E as três irmãs terão de aprender a crescer longe de casa, tendo apenas o apoio umas das outras... e alguns segredos.
Parte da força deste livro vem da capacidade de construir contrastes. A história centra-se maioritariamente no percurso das três irmãs, o que cria laços de proximidade fortes, mas reflete as complexidades do contexto histórico, o que contrapõe à inocência aspetos bastante mais cruéis da vida. Além disso, no mundo fechado em que as protagonistas se movem, há também um delicado equilíbrio entre as suas realidades e fantasias.
É um livro relativamente pausado, não só por abranger um longo período, mas também pela caracterização expansiva dos cenários, das regras e até sas fantasias das personagens. Mas pausado está longe de significar maçador e a fluidez peculiar das palavras justifica plenamente o tempo exigido por esta cadência mais lenta.
Tendo em conta o período em que decorre, é também expectável que nada seja simples. E não é, não faltando matéria para reflexão nesta história onde haverá inevitavelmente altos e baixos, mas nunca poderá haver finais perfeitos. Faz sentido que assim seja, e é também por isso que a forma como tudo termina se afigura bastante adequada.
História de inocência e de crescimento, de guerra mundial e rebelião individual, de perdas e encontros, e de vida para lá dos regulamentos, trata-se, em suma, de um livro complexo e cativante, duro e enternecedor. E que exige o seu tempo, sim. Mas também o merece.
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