sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Moonshine, Vol. 5 - Bebida de Guerra (Brian Azzarello e Eduardo Risso)

Lou Pirlo está de volta a Nova Iorque, acompanhado pelos seus cada vez mais numerosos fantasmas e decidido a pôr finalmente termo a todos os males que, voluntária e involuntariamente causou. A Lei Seca está a poucos dias do fim e fará com que tudo mude para todos. Mas as guerras, essas, não desapareceram e terão de se intensificar antes do fim. É por isso que Lou tem um plano para resolver, dentro do possível, o caos que o rodeou. Mesmo sabendo que, para o fazer, terá de arrastar conflitos passados para o presente e de aceitar que é bem provável que não chegue vivo ao fim de tudo.
Tendo em conta o percurso que nos conduziu até aqui, há certas coisas que eram, à partida, expectáveis para este volume final. A rapidez dos desenvolvimentos é uma delas, e eleva-se aqui a um ritmo ainda mais intenso, em que tudo se transforma de uma página para a outra e chega a ser difícil acompanhar as mudanças da teia de relações. Faz sentido que este ritmo atinja aqui uma espécie de apogeu, pois é aqui que tudo se encerra. E, sendo certo que fica, por vezes, a sensação de um avanço ligeiramente apressado, a verdade é que este ritmo alucinante acaba também por enfatizar as reviravoltas e por preparar terreno para a devastadora intensidade do final.
Outro aspeto bastante evidente é que, tendo em vista todo o passado, nunca se poderia esperar um final limpo e harmonioso. É tudo menos isso. Mas não deixa de ser um final extremamente adequado: todos os fios do passado convergem para esta conclusão, proporcionando momentos de enorme impacto, grandes surpresas, alguns inesperados rasgos de emoção e uma resolução final que pode não ser a mais desejada, mas é a que faz mais sentido. Tendo em conta a personagem... e os seus fantasmas.
Visualmente, sobressaem os habituais contrastes de luz e de sombra, o equilíbrio entre o belo e o monstruoso e um elemento que se torna mais vincado neste volume final: a expressividade retorcida das personagens, e particularmente de Lou, que reflete não só a sua natureza dual, mas o lado atormentado que só aqui se torna verdadeiramente claro. O equilíbrio entre arte e enredo sempre foi claro, mas aqui torna-se ainda mais evidente. E particularmente intenso nas últimas páginas.
Intenso, furiosamente rápido e com um equilíbrio eficaz entre mundano e sobrenatural, entre violência e redenção... e, claro, entre vida e morte... trata-se, em suma, de uma conclusão à altura para uma série muito cativante. E que nem sempre será fácil de entender nas suas singularidades... mas que vale bem a pena conhecer.

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