sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Cinzas da Meia-Noite (Lara Adrian)

Andreas Reichen perdeu tudo. O ataque ao seu Refúgio causou a morte de todos os que lhe eram próximos e, agora, só lhe resta a vingança. Tudo fará para garantir que os responsáveis pelo ataque encontram a morte às suas mãos e não terá descanso até que Wilhelm Roth, primeiro entre os culpados, tenha deixado de viver. Mas a fúria e o desejo de vingança despertaram também uma força que Reichen levou toda a vida a controlar e o fogo que vive no seu interior torna-se mais forte e incontrolável de cada vez que é libertado. A sua vingança contra Roth pode bem ser o fim de Reichen. Mas tudo muda ao encontrar Claire, a companheira de Roth e a mulher que sempre amou. Agora, além de lutar contra o inimigo e contra a força do seu poder, Andreas tem de contrariar um amor que lhe parece ser impossível. Mesmo sabendo que a presença de Claire atenua uma parte do seu tormento...
Presente já em vários momentos importantes dos livros anteriores (um dos quais é mesmo o ataque ao seu Refúgio), Andreas é já uma personagem conhecida para quem acompanha a série. É fácil, por isso, sentir alguma empatia para com a sua posição e reconhecer as suas características essenciais - e o que mudou depois da perda. Sempre foi um aliado precioso para a Ordem e, por isso, sempre teve um papel relevante a desempenhar, mas é neste livro que o melhor da personalidade de Andreas é revelado. O mesmo acontece com a sua história. A situação passou do necessário combate a Dragos e seu aliados a uma batalha bem mais pessoal, por vingança e por justiça. E esse é um conflito que realça as mais cativantes características de Reichen: a determinação, a necessidade de agir, um certo instinto protector, a vontade de lutar até ao fim - e independentemente das consequências - por aquilo que tem de ser feito. Todas estas características, aliadas a um passado cheio de sombras e a uma rivalidade mais antiga que os motivos para a vingança, fazem de Reichen, com o seu lado sombrio em equilíbrio com as características redentoras, um protagonista fascinante.
Também Claire tem muito de cativante. Enquanto companheira de Roth, encontra-se, desde logo, numa posição delicada e, à medida que o enredo evolui, as suas forças e vulnerabilidades acabam por se revelar determinantes para o rumo dos acontecimentos. Além disso, a sua antiga ligação a Andreas torna-a na companheira perfeita para o seu caminho de dificuldades. No fundo, Claire e Andreas complementam-se em todos os aspectos, quer a nível de personalidades, quer nas decisões que tomam relativamente aos problemas.
Um dos grandes pontos fortes deste livro é, portanto, a relação entre os protagonistas. Mas não é o único, até porque a parte romântica do enredo se enquadra numa história maior, onde há muito a acontecer a nível de acção, afectando tanto a busca pessoal de Andreas por vingança como os próprios planos da Ordem no combate a Dragos. É inevitável, pois, que muitos dos protagonistas dos livros anteriores acabem por aparecer, o que cria uma perspectiva mais ampla para o conflito e, ao mesmo tempo, explora outro tipo de afectos e relações. Amizade e lealdade, mesmo nos momentos mais dúbios, transparecem das relações de Andreas com a Ordem e também aí surgem vários dos momentos mais intensos, a nível emocional.
De ritmo viciante e com uma escrita envolvente, este é, pois, um livro que cativa tanto pela relação entre o casal protagonista como pela intensidade da acção e a ligação a outras personagens que não os elementos essenciais do romance. O resultado é uma história maior que a do simples romance entre o casal e que, por isso, se torna mais intensa, quer emocionalmente, quer a nível de evolução do contexto global. Um óptimo acréscimo à série, portanto, e um livro muito bom.

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