Resultado de um concurso que tinha como tema, e tal como o título indica, Amores Contados, este pequeno livro reúne os cinco contos vencedores. Muito diferentes em estilos e em conteúdo, têm em comum uma mesma base temática. O resultado é, como não podia deixar de ser, interessante.
Uma Questão Matemática, de Ana Ferreira, abre a antologia com a história de um casal que se aproxima da rotura e de uma escritora que precisa de contar a sua própria história - mesmo que partes dela possam não ter acontecido. De leitura agradável e com uma base interessante, o que mais se destaca neste conto é um certo mistério que se insinua quanto ao que aconteceu verdadeiramente e ao que vive na imaginação da narradora. A escrita é cativante e a história, no geral, é envolvente, o que, apesar de uma certa distância relativamente às personagens, acaba por proporcionar uma boa leitura.
As Fotografias Falam Baixinho, de Cristina Milho, conta a história de um amor passado. Nostálgico e instrospectivo, mas com um interessante contraponto com a realidade para lá da protagonista, deixa uma série de perguntas sem resposta, mas cativa pela escrita algo poética e por algumas imagens particularmente marcantes.
Amor de Viagem, de Francisco Vilaça Lopes, percorre a presença do amor e a forma como este surge mesmo nos ambientes mais disfuncionais. Contado em fragmentos e com um enredo muito pouco linear, este é um conto que, principalmente na fase inicial, perde por ser demasiado confuso. Ainda assim, a escrita cativante e o impacto particular de algumas das situações compensam este aspecto menos bom.
Café Avenida, de Jorge Campião, conta a história de um marido que, em busca de informações sobre a traição da esposa, acaba por encontrar uma companheira de infortúnio. Cativante, ainda que de ritmo pausado, este conto marca também por uma certa melancolia, mas principalmente pela forma como a relação dos protagonistas, definida inicialmente pela traição, se transforma em algo mais forte. Uma boa história, com alguns momentos surpreendentes.
O último conto, Um, Dois, Três, de Rosa Bicho Gonçalves, é, no seu essencial, o elogio de um amor perdido. Muito breve, mas muito bem escrito, e com uma tristeza que se sente em cada simples palavra, é um conto que enternece e comove. E, por isso, que fica na memória.
Todos cativantes, do seu próprio jeito, em registos bastante diferentes e explorando o amor de diferentes formas, há em todos os contos deste livro algo de bom para descobrir. Seja na voz dos autores, seja na história ou na voz das próprias personagens, todas estas histórias têm o que é preciso para tornar a leitura envolvente. O resultado é um livro breve, mas sempre interessante. Uma boa leitura, em suma.
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