Depois de muito lhes fugir, os fantasmas do passado apanharam Helen Grace e, agora, terá de sofrer as consequências. A aguardar julgamento na prisão de Holloway e sem grandes defensores da sua causa, excepto a sempre leal Charlie, Helen sabe que tem de manter a esperança, mas que só um milagre poderá tirá-la dali. Mas essa não é a sua única razão para temer, como não tarda a descobrir quando outra reclusa é encontrada morta na sua cela. Do assassino, não há qualquer sinal, mas tudo indica que não se trata de uma simples vingança. E, assim sendo, é bem possível que não seja caso único. A Helen, só lhe resta fazer todos os possíveis para descobrir o responsável - antes que também ela se torne uma vítima.
Uma das coisas mais impressionantes nesta série (em que não faltam coisas impressionantes) é a forma como o autor consegue sempre criar uma teia de surpresas, que, relacionando o percurso pessoal das personagens com um caso para lá dessa mesma história, é todo um mundo de mistério e de acção. Há sempre alguma pista a descobrir, algo de negro a acontecer, um passo que se revelará importante ou fatal. E, a cada capítulo curto, a cada novo desenvolvimento, o autor abre novos caminhos, sem necessariamente fechar os que ficam para trás. O resultado é uma teia complexa e intrincada, mas sempre fascinante e absolutamente viciante.
Claro que parte do que contribui para este fascínio crescente é a história cada vez mais complexa de Helen Grace e dos que mais de perto a acompanham. Aqui, mais do que nunca, é Helen no centro de toda a tensão, pois tem de lidar, ao mesmo tempo, com um caso tenebroso, e com as barreiras acrescidas das suas próprias circunstâncias. Mas tudo se conjuga num todo mais amplo: a lealdade de Charlie e o que a sua persistência motiva tornam a situação de Helen tão relevante (ainda que de presença mais discreta) como o próprio caso de Holloway. E a conjugação dos dois casos, pessoal e profissional (bem, tão profissional quanto pode ser dada a situação da protagonista), aumenta em muito a intensidade do enredo.
O resto é o conjunto das qualidades que, presentes desde o primeiro livro, se reforçam cada vez mais a cada novo volume: o ritmo intenso, a escrita que transmite na perfeição a aura de tensão e mistério que pauta todo o enredo, o delicado equilíbrio entre o desenvolvimento das personagens, a nível pessoal e profissional, os crimes mais ou menos macabros e as intrigas e jogos de poder no seio da investigação, e as muitas e impressionantes surpresas ao virar de cada página. Tudo num equilíbrio perfeito e mais intenso a cada nova revelação.
Ao quinto livro, esta série atingiu um pico difícil de ultrapassar. Mas O Anjo da Morte revela-se à altura das altíssimas expectativas geradas. Intenso, viciante, surpreendente e, acima de tudo, capaz de despertar todas as reacções certas em todos os momentos necessários, um livro que não desilude em nenhum aspecto. Brilhante, claro. Como sempre.
Título: O Anjo da Morte
Autor: M. J. Arlidge
Origem: Recebido para crítica
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