terça-feira, 27 de outubro de 2020

Kitty e o Desfile das Lanternas (Paula Harrison e Jenny Løvlie)

A Kitty e os amigos estão muito entusiasmados com o Festival da Luz e o consequente desfile de lanternas. Até porque há um concurso para a melhor lanterna e o prémio é uma bonita coroa. Mas há alguém que quer estragar o desfile, esgueirando-se pela multidão e roubando bens valiosos - incluindo o prémio do concurso. Apesar de sozinha, porque os seus amigos felinos têm medo dos foguetes, Kitty não renuncia ao seu papel de aspirante a super-heroína. E os seus poderes felinos vão ser-lhe muito úteis na perseguição a um tão esquivo ladrão.
Um dos aspectos mais cativantes desta série é que, mesmo ao quinto volume de um conjunto de aventuras que seguem a mesma linha essencial - afinal, o objectivo de uma heroína é sempre salvar o dia! -, nunca deixam de existir pequenas surpresas. Neste caso, o desafio está no facto de a Kitty não contar com os seus aliados felinos, o que, além de reforçar a mensagem de confiança nas suas próprias capacidades, que é um dos pontos centrais de toda esta série, acrescenta um percurso um pouco diferente ao enredo. Além claro, nos novos elementos: o Festival da Luz, a Torre Maravilha e a intrigante Dodger, que vêm acrescentar algo de novo a um mundo simples, mas cheio de pontos de interesse.
Também o aspecto visual continua a ser uma das grandes forças, com os tons de negro e laranja e evocar nitidamente os dois elementos centrais da vida de Kitty: a noite e os seus amigos gatos. Junte-se a isto a impressão de movimento e de luz, resultante da forma como as ilustrações mostram as perseguições da Kitty e aspectos como as lanternas e o fogo de artifício, e a inevitável impressão é que a ilustração dá ainda mais vida a uma história já muito animada.
Claro que, sendo um livro pensado sobretudo para crianças, ainda que perfeitamente capaz de proporcionar bons momentos de leitura a quem, como eu, já deixou a infância bem lá para trás, é uma história relativamente simples, sem grandes pormenores nem explicações. Mas isto acaba por ser uma qualidade. Porque lembram-se de quando era fácil acreditar em contos de fadas, em criaturas mágicas e em acontecimentos impossíveis? Pois, este tipo de histórias traz de volta essa simplicidade. E, aos olhos de um leitor adulto, uma agradável nostalgia.
É essa, afinal, a grande beleza destes livros: a capacidade de, durante o tempo da leitura, fazer esquecer as complexidades do mundo, levando-nos numa aventura simples e divertida, onde tudo é possível. Leve, cativante e sempre muito ternurento, é um livro simples, sim, mas doce e encantador.

Sem comentários:

Enviar um comentário