sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

1 Minuto e 36 Segundos (Pilar Burillo Simões)

Dizer que estudar para a prova de acesso à especialidade é um desafio nunca poderá ser menos do que um eufemismo, pois a própria natureza da prova implica uma grande exigência. Mas, além dos números e do tempo, há também os percursos individuais e a vida que não pára durante esses meses de estudo. Esta é uma história de lembranças pessoais desse período. E é precisamente por ser pessoal que se torna tão interessante.
Uma das primeiras coisas que importa dizer sobre este livro é que é bastante breve e, por isso, uma leitura relativamente leve. Talvez por ser a história pessoal de um período específico, não se embrenha demasiado a fundo em questões de contexto ou nas histórias passadas que, nalguns casos, culminaram naquela situação. E, porque se lê como um romance, é difícil não ficar com uma certa curiosidade em saber mais sobre esses aspectos não explorados, mas é também verdade que não são essenciais ao objectivo do livro. Afinal, é o período de preparação o tema, e as lições de vida - ainda que não necessariamente de medicina - que o acompanharam. E quanto a esse, fica-se com uma muito boa ideia.
Se a brevidade contribui para a leveza, também a fluidez da escrita sobressai neste aspecto. O estilo é, em geral, bastante directo, mas com alguns surpreendentes rasgos de poesia. E importa também destacar dois aspectos aparentemente discretos, mas particularmente cativantes: o humor certeiro, que surge precisamente nos momentos ideais, e a evidente emoção, que, positiva ou negativa, nunca é encoberta.
Por último, temos a mensagem geral que emerge de um percurso de preparação que é, em si mesmo, a luta por um sonho, mas que traz consigo outro tipo de lições, lembrando que tudo na vida pode ser uma lição e que em tudo há obstáculos e superação. A história pode ser simples, mas a mensagem é muito pertinente. E acaba por ser isso o mais importante.
Tudo somado, fica uma impressão global claramente positiva, de uma leitura leve e bastante simples, mas também muito cativante. Uma viagem pessoal, em suma, mas com muito com que nos podemos identificar.

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