quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Dylan Dog - Os Inquilinos Arcanos (Tiziano Sclavi, Corrado Roi, Luigi Mignacco, Enrique Breccia, Barbara Baraldi e Nives Manara)

Um prédio assombrado, um nevão mortal e um fantasma que anda a assustar os alunos de um colégio (e a causar estragos maiores). São estas as premissas das três aventuras que compõem esta nova visita a Dylan Dog. Um prédio com vida própria, onde Dylan encontra uma nova paixão, mas também uma série de pesadelos invulgares. Um nevão que esbate a ténue linha que separa passado, presente e futuro. E o fantasma de uma humilhação que perdura para além da morte. Em comum, a presença do detective do pesadelo - aqui em plena actividade profissional.
Talvez não devesse ser uma surpresa, tendo em conta a actividade profissional do protagonista, mas o primeiro elemento a sobressair, sobretudo em comparação com outras histórias, é que neste volume dominam efectivamente os monstros e os casos sobrenaturais, ao contrário de outros em que o sobrenatural serve de ponto de partida para uma visão mais introspectiva. Junte-se a isto o facto de termos um total de três histórias diferentes em pouco mais de cento e vinte páginas e a impressão que fica é, por vezes, a de desenvolvimentos ligeiramente apressados.
Outro aspecto bastante obviamente diferente é que este livro é a cores, o que acaba por criar um ambiente um pouco menos sombrio do que o de outras aventuras. Ainda assim, há outros pontos a sobressair neste aspecto, a começar pelas diferenças entre as três histórias, sobretudo na expressão dos rostos, mas também na forma como os cenários se revelam também distintos. Além disso, existe também um contraste de cor entre as três histórias, com os cenários surpreendente luminosos do prédio assombrado a contrastar com a escuridão e o caos do grande nevão e o ambiente estranhamente idílico do colégio. Embora juntas num mesmo volume, cada história é um todo independente, e as diferenças são notórias, tanto no percurso como na arte.
Um último ponto a salientar é que, embora mais activo e menos introspectivo, Dylan Dog continua a ser Dylan Dog, com a sua faceta de apaixonado fugaz e a sua tendência irresistível para se deixar arrastar para o amor mesmo em situações delicadas, além dos ocasionais momentos de humor que estas situações provocam. Não é um Dylan Dog tão sombrio, mas continua a ser, a espaços, o romântico incurável, e é fácil reconhecê-lo como tal em cada uma destas histórias.
Não será, talvez, a mais marcante das aventuras deste herói, pelo menos do ponto de vista emocional. Mas não deixa de ser uma leitura envolvente, visualmente surpreendente (já disse que este é a cores?) e repleta de momentos interessantes. Uma boa leitura, em suma, e um sempre agradável reencontro.

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