A devastação do fim das máquinas deu lugar a uma forma de brutalidade diferente, causada por monstros e magia. E, como sempre, não faltam inocentes a sofrer as consequências. Mila julga ter perdido o pai e a única opção que lhe resta é uma fuga desesperada do planeta. Já Andy continua vivo, mas numa situação delicada. E enquanto cada um tenta encontrar o caminho para a segurança possível, outras forças começam a manifestar-se. A liderança da Mãe não é assim tão incontestada. E há fios do passado a estender-se para o futuro...
Parte do que este livro tem de impressionante, à semelhança do primeiro volume, é a forma como conjuga múltiplas facetas e diferentes fios narrativos num equilíbrio perfeito. Acompanha diferentes personagens, cada uma com as suas lutas e os seus fantasmas. Percorre diferentes momentos da linha temporal, o que implica mudanças drásticas de cenário e de sistemas em vigor. E oscila também entre diferentes impactos emocionais, com laivos de humor, ação intensa e alguns rasgos brilhantes de emoção.
Esta diversidade reflete-se também na componente visual, com a expressividade dos rostos a contrastar com a devastação dos cenários, o movimento das cenas de ação a complementar a quietude possível das memórias e os jogos de cor e de sombra a realçar os traços mais vincados de cada momento. Além disso, há também uma mudança de tons predominantes entre os diferentes cenários, o que salienta o facto de, apesar de bastante centrada nas personagens, esta história decorrer num mundo vasto.
Finalmente, importa salientar que, embora sendo apenas o segundo volume desta série específica, é bastante evidente que faz parte de um contexto bastante maior. É, pois, importante conhecer a série Descender para apreciar plenamente os laços e ligações desta história, ainda que tudo pareça, à primeira vista, ser bastante diferente.
Intenso, empolgante e equilibrado, trata-se, em suma, de um novo volume à altura das expetativas, capaz de prender, surpreender e emocionar em todos os momentos certos. Memorável, como sempre.
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