Há seis anos, o filho de Megan desapareceu. Agora, está de volta, mas está longe de ser o rapazinho doce que foi raptado pelo pai. E há muitos mistérios em torno do seu regresso, a começar pelo incêndio que matou Greg e deixou Daniel livre para voltar para a mãe. O que devia ser um reencontro feliz cedo se revela um poço de tensões. Mas serão os comportamentos invulgares de Daniel fruto do trauma ou laivos de um segredo mais sombrio?
Um dos aspetos mais empolgantes deste livro é a capacidade da autora de manter uma tensão constante ao longo de toda a história. Desde a intensidade do reencontro à tensão da reconstrução da relação, sem esquecer os laços emocionais e os jogos de mentiras e manipulação, há sempre uma sensação ominosa a pairar sobre as personagens e um mistério que se prolonga mesmo até ao fim, tornando quase irresistível a necessidade de continuar a ler até à manifestação das respostas.
Também a estrutura do livro contribui para o tornar viciante, com os contrastes poderosos entre as diferentes perspetivas e os diferentes momentos da linha temporal. Os capítulos vistos pelos olhos de Daniel são particularmente marcantes, pois a forma como a autora reflete os impactos da manipulação é particularmente impressionante, ao ponto de despertar sentimentos fortes em relação às personagens.
E também a construção das personagens se destaca, com figuras que são fáceis de odiar, mas cuja força motriz não deixa de ter as suas complexidades, e outras que facilmente despertam empatia, mas cuja faceta falível as humaniza. E claro, há quem não seja o que parece ser, o que contribui para a surpresa do final.
Carregado de tensão e de situações complexas, com uma aura de mistério que cresce em intensidade até culminar num final poderoso e com a medida certa de material para reflexão, trata-se, em suma, de um livro empolgante e que prende da primeira à última página. Uma belíssima história, portanto.
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