São irmãs, mas não podiam ser mais diferentes. Meghann Dontess é uma advogada de sucesso, mas leva uma vida solitária e sem tempo para qualquer tipo de afecto. Claire Cavenaugh é uma mãe solteira que acaba de se apaixonar novamente e está prestes a casar por impulso. Em comum, têm apenas o laço de sangue e uma infância terrível que culminou numa mudança que as separou. Irremediavelmente? Talvez não, pois o casamento de Claire leva Meghann a uma reaproximação, ainda que motivada inicialmente pela vontade de dissuadir a irmã de cometer o que considera o maior erro da sua vida. Mas a vida nunca é eterna e o tempo pode esgotar-se quando menos se espera. E o que as irmãs têm no passado para resolver pode muito bem precisar de mais tempo do que aquele que dura uma vida.
Feita tanto de conflitos intensos como de ligações fortes, esta é uma história que desperta, muitas vezes, emoções contraditórias. Talvez porque o melhor das personagens se vai revelando aos poucos, é difícil, de início, sentir uma grande empatia para com algumas personagens. Mas esta distância inicial é também a base de um dos aspectos mais cativantes desta história: é que esses melhores traços que se vão revelando aos poucos abrem caminho a todo um percurso de redenção que, ao mesmo tempo que revela a verdadeira complexidade de algumas personagens, proporciona também momentos de uma incrível intensidade emocional.
Centrada na relação entre as duas irmãs, mas também na de um homem com as sombras do seu passado, esta é uma história em que a emoção acaba por assumir o papel preponderante. Meghann, a advogada fria e solitária, revela-se no seu melhor, e também no mais vulnerável, na forma como volta a entrar na vida da irmã. Claire, vista por Meghann (e não só) como a que precisa de ser protegida, afirma a sua força nos momentos mais difíceis. Joe é um homem dominado pelos seus demónios, mas descobre uma estrada de regresso à vida. E tudo isto é cativante, mesmo quando as personagens nem sempre são propriamente um poço de bondade. Há muitos momentos bonitos nesta história. E o final, esse, é algo de muito forte.
Nem tudo é fácil de assimilar na forma como as coisas acontecem e é difícil compreender a forma como algumas personagens, como a mãe de Meghann e Claire, reagem aos grandes momentos, bons e maus, das pessoas que lhe estão próximas. Ainda assim, a autora consegue desenvolver esta peculiaridade - de uma personagem quase despida de características redentoras - realçando-lhe os traços de humanidade sem lhe desculpar as falhas. E isso, nas circunstâncias em que acontece, é também algo de bastante impressionante.
Trata-se, pois, de uma história que se revela aos poucos, partindo de uma certa distância para depois abrir caminho a um crescendo de emoções que, entre os pequenos toques de humor e os grandes momentos de ternura, culmina num final intenso e impressionante. Uma história de passados e futuros, em que a emoção se afirma por completo. Gostei.
Título: Entre Irmãs
Autora: Kristin Hannah
Origem: Recebido para crítica
Sem comentários:
Enviar um comentário