Ainda hoje, mais de 150 anos depois de ter vindo ao mundo, milhões de Bovarys por essas cidades fora choram e desesperam como chorou e desesperou a heroína deste romance. Atolada na mediocridade da vida quotidiana, entre um marido com poucas qualidades e uma solidão que a verga, Emma Bovary vai procurar no adultério a fuga de uma existência entediante. De sonho em sonho, de esperança em esperança, até à ruína final. Quem nunca foi Bovary? Quando apareceu, rebentou o escândalo, o autor chegou a sentar-se no banco dos réus, acusado de atentado à moral. Não admira, a crítica aos costumes e à sociedade é impiedosa. Lida, comentada e reverenciada deste então, Bovary foi posta ao lado de Hamlet, Quixote ou Ulisses na galeria das grandes personagens da literatura universal. É uma obra do cânone literário ocidental, cujo impacto e influência foram de tal ordem, que acabou por obliterar a restante obra do escritor.
Gustave Flaubert: Nasceu em 1821, em Ruão, filho e neto de médicos. Estudou Direito em Paris, onde levou uma vida agitada e boémia, sem terminar o curso. Entre 1846 e 1855, mantém uma relação amorosa com a poetisa Louise Colet. Em 1846, morre o pai, que lhe deixa uma considerável fortuna, com a qual vive. Dedica-se a partir de então à escrita, actividade que nunca abandonará. Foi uma figura importante no meio cultural francês do seu tempo. Os seus últimos anos de vida serão marcados por graves dificuldades financeiras e por problemas de saúde. Morreu em Croisset, em 1880. É hoje um dos autores fundamentais da literatura mundial. As suas principais obras são Madame Bovary (1857), Salammbô (1862), A Educação Sentimental (1869) e Bouvard e Pécuchet (1881).
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