segunda-feira, 29 de novembro de 2021

O Profeta (Kahlil Gibran)

Durante muitos anos, esperou pelo navio que o levaria de regresso à sua terra natal, deambulando entre as gentes e contemplando-as. Agora, é tempo de partir. O povo que o acolheu, porém, tem dificuldades em aceitar essa verdade e pede um último dia da sua sabedoria. Fala-lhes, pois, o profeta. De verdades que, no fundo, já conheciam.
Parte do que constitui a grande beleza deste livro está no seu delicado equilíbrio entre brevidade e vastidão. Não chega sequer às cem páginas e, ainda assim, debruça-se sobre todas as facetas da vida, de forma concisa, é certo, mas precisa, profunda e focada no essencial.
Outra razão de beleza está na harmonia das palavras e em como parecem falar de dentro da página. É absurdamente fácil imaginar o profeta a falar às pessoas, ouvir a sua voz a discursar. E há tanto de beleza e de harmonia neste discurso que as frases facilmente se entranham na memória.
Ainda um último ponto a ponderar prende-se com a inevitável espiritualidade. Envolve uma certa medida de crença, mas sem os limites estritos de uma fé específica. E assim, facilmente fala a todo o tipo de convicções, de forma mais ou menos completa, mas sempre próxima e sempre marcante.
É uma leitura muito breve, mas cheia de material para reflexão. Uma visão singular, mas que fala às nossa próprias perceções. E uma voz belíssima, harmoniosa, sedutora, cheia de palavras e imagens memoráveis. Fascinante, em suma.

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