Mais um ano escolar que passou, mais umas férias em casa dos avós. São quinze dias de praia na companhia dos primos e, como sempre, não faltam aventuras e descobertas no caminho da Francisca. Desde as suas atividades em defesa do ambiente à angariação de fundos para as obras do lar de idosos, dedicação é algo que nunca falta. Outras coisas, porém, estão a mudar, desde um inesperado mau feitio de pré-adolescente a uma súbita paixoneta (sim, mais uma). E, entre descobertas e surpresas, a mente da Francisca vai divagando. Mas convém que não exagere... senão corre o risco de ficar outra vez de castigo.
Parte do encanto destes livros está, desde logo, identificada no título da série. Chama-se Diário de Uma Miúda como Tu e é exatamente isso, a vida de uma adolescente razoavelmente normal, com as particularidades de uma história específica, mas com elementos com que qualquer pré-adolescente se poderá identificar, desde as frustrações da escola aos castigos, passando também pelas mudanças físicas, pelas primeiras paixões e pelo entusiasmo transbordante de quando tudo parece simples. Todos passamos por lá, certo? E é, de certa forma, reconfortante recordar, ao acompanhar as pequenas aventuras da Francisca, esses tempos mais inocentes - mas, oh, tão dramáticos - do crescimento.
Apesar de ser uma história relativamente simples, como convém tendo em conta o seu público primordial, não faltam questões interessantes ao longo de cada livro. A defesa do ambiente é uma presença constante nas aventuras da Francisca, e há um evidente cuidado em sensibilizar para os vários aspetos desta luta. Mas há ainda outros temas que vão surgindo em cada livro e que reforçam a componente didática de cada uma destas histórias. Neste caso, a viagem a Oxford da Francisca permite abordar não só a história de Malala, mas também salientar a importância da educação (mesmo que a protagonista tenha os inevitáveis sentimentos ambíguos sobre a escola).
Ainda um último ponto comum a toda a série, mas que importa sempre salientar, é o equilíbrio entre o texto e as ilustrações. Trata-se, afinal, de um diário e tem o aspeto de um, realçando os momentos mais memoráveis da vida da Francisca através de representações visuais simples quanto baste, mas particularmente certeiras, sobretudo nos momentos mais divertidos do livro.
É uma história de coisas simples, de uma vida normal, em suma. Mas é, acima de tudo, a história do crescimento da protagonista - e de tantas outras miúdas como ela - aprofundado de livro em livro, e acrescentando sempre algo de novo. É uma miúda normal, a Francisca, e já se tornou familiar. Por isso, é sempre bom vê-la crescer.
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