Amina Harjan é a dona do Café Bazar. Na África do Sul e sob a segregação implementada pelo apartheid, uma jovem indiana, solteira, que decide abrir um negócio em parceria com um mestiço não é particularmente bem vista. O temperamento de Amina, contudo, é o de uma lutadora e, a partir do momento em que conhece Miriam, a sua coragem torna-se ainda maior e Amina não hesitará em lutar contra os preconceitos e as conveniências.
Gostei muito de ler este livro. Com uma escrita clara e envolvente e com um evidente conteúdo emocional, O Mundo Invisível é um livro que, mais do que explicar as dificuldades de viver no apartheid, transporta-nos directamente para esse mundo. A estranha ligação entre Amina e Miriam, o preconceito e a acção quase opressiva da família de Amina, a quase constante culpa inerente à luta contra as convenções, e a própria relação de Miriam com a sua família são apenas alguns dos aspectos que formam uma história muito completa e extremamente comovente. Mais que um simples retrato da segregação entre as raças, apresentada com exemplos claros e perturbadores, esta é uma história que obriga os leitores a pensar e a perguntar até que ponto é aceitável o silêncio ante certas situações e até que ponto aceitaríamos, se inseridos numa determinada cultura, situações que normalmente nos revoltam.
Por último, a forma como o ritmo da história de se desenvolve, com um início um pouco mais lento, mas que contextualiza perfeitamente o ambiente, sem se tornar maçador, e avançando progressivamente na história até se tornar simplesmente irresistível. O final, aliás, é fascinante, deixando algumas revelações, sem contudo tirar ao leitor a possibilidade de imaginar que futuro encontrarão as personagens que fomos acompanhando ao longo do enredo.
Para todos os que gostam de uma boa história, de aprender enquanto lêem, de se emocionar durante a leitura ou de sentir com as personagens aquele laço emocional que é, por vezes, tão difícil de encontrar, então este é o livro ideal. Recomendo sem reservas.
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