Ao descobrir a traição do marido, Ann Hidden entra em choque e decide deixar tudo para trás. Com a cumplicidade de um amigo de infância recentemente reencontrado, Ann livra-se de todos os elementos que pertencem à sua antiga vida e parte, sem destino definido. Na Villa Amalia, encontrará o refúgio que procura, bem como a atracção emocional e a cumplicidade nas figuras de um médico e da sua filha. Mas nada dura para sempre e, mais uma vez, a perda e o choque estão por perto...
A primeira reacção que este livro provoca é de uma certa estranheza. Sem grandes explicações ou descrições, é através dos diálogos que o autor constrói a história, entrelaçando passado e presente nas palavras das personagens e no que estas transmitem aos seus interlocutores. É necessária, pois, uma adaptação inicial ao estilo algo fragmentário do autor, que, num enredo pouco linear (passado e presente vão-se insinuando conforme a necessidade do momento) constrói uma história através dos diferentes momentos.
E é na forma sintética e directa com que os momentos de maior impacto são apresentados que este livro acaba por revelar a sua maior força. A brevidade com que o autor apresenta as situações de perda e as mortes - que são, afinal, também o que marca as sucessivas errâncias de Ann - dão a estas mesmas situações um maior impacto, já que, ao resumir esses momentos ao essencial, cria-se uma certa aceitação do inevitável, ao mesmo tempo que uma impressão duradoura dessa circunstância é deixada a pairar na memória do leitor.
Algo exigente no que toca à atenção do leitor, em parte devido a tudo o que é deixado por contar, Villa Amalia é um livro que, não sendo propriamente viciante, marca pela imagem global, deixada pelos momentos entrelaçados que constituem uma história onde tudo é simples... menos as emoções que transparecem. E são essas o que verdadeiramente marca.
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