Aproxima-se a data marcada para a derradeira batalha pelo futuro da humanidade e, no conflito entre a rainha dos vampiros e o círculo dos eleitos de Morrigan, é necessário tomar medidas cada vez mais ousadas. Talvez por isso, Blair Murphy, intrépida caçadora de vampiros e, possivelmente, a mais forte em combate de entre todos os elementos do círculo, ganha protagonismo, à medida que estratégia e provocação se tornam cruciais para o evoluir do confronto. Mas nem só de ofensiva e sobrevivência vive a luta contra o mal e, à medida que o papel de Blair se cruza mais e mais com o de Larkin, cujos poderes de transformação são também de grande utilidade, ambos acabarão por descobrir que talvez também para eles haja espaço para amar... Mesmo que o fim do mundo possa estar iminente.
Com grande parte da contextualização apresentada no primeiro volume e agora que as personagens são já, na maioria, familiares, é bastante fácil entrar no ritmo da narrativa. A escrita mantém a mesma envolvência e o ritmo do enredo ganha intensidade, já que menos explicações são necessárias. Além disso, ainda que a história se centre, em grande medida, em Larkin e Blair, há muito mais a acontecer para lá do romance e a proximidade entre os protagonistas cresce de forma gradual, complementando, sem se tornar dominante, a linha de acção que, tratando-se de algo tão global como a luta para impedir o apocalipse, é, naturalmente, o elemento fulcral do enredo.
Ainda que o que caracteriza os elementos do círculo tenha já sido explicado no primeiro livro, há vários novos elementos a surgir, quer no que toca ao verdadeiro potencial das capacidades de Larkin, quer no passado de Blair, quer ainda na evolução a nível do confronto e no inevitável contraste associado à mudança de cenário. Apresenta-se, portanto, um agradável equilíbrio entre o ambiente conhecido e uma série de novas revelações, complementado também pelo equilíbrio entre romance e acção, entre a história de Blair e Larkin e as interacções entre as outras personagens. Personagens, aliás, que têm também os seus momentos de glória, sendo de destacar as interacções entre Moira e o enigmático Cian, que deixam em aberto muitas possibilidades para o volume final da trilogia.
Existem detalhes que poderiam ter sido mais desenvolvidos, principalmente a nível de estratégia e comportamento dos vilões.Uma vez que a história acompanha, principalmente, o casal protagonista e, em complemento, o restante dos elementos do círculo, os motivos, planos e acções do exército de Lilith permanecem, em grande medida, um enigma. Não fica a sensação de que falte algo de essencial, mas seria interessante saber um pouco mais sobre o outro lado do conflito.
Viciante e com um enredo cativante, O Baile dos Deuses apresenta uma história que, não sendo particularmente complexa, cativa pela caracterização das personagens, pela forma como o enredo se define como bastante mais que o romance entre um casal e por uma história intensa, que deixa muita curiosidade em saber como terminará esta batalha entre o bem e o mal. Uma boa leitura, portanto.
NOTA: Este livro inclui também o conto As Pontes de Eden Park, de Kim Harrison. História de como uma bruxa e um vampiro interferem quando a irmã deste está prestes a ver o seu filho ser-lhe tirado, este conto funciona como uma interessante introdução (ou complemento, para quem tiver lido os livros) à série da autora. De leitura agradável, com bastante acção e um toque de emoção, também este conto é uma boa leitura.
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