Evocações nítidas e imagens invulgares que se conjugam com uma fluidez límpida e cheia de harmonia. É isto, no essencial, o que define este conjunto de poemas em que o lado pessoal e íntimo da palavra se associa à construção, através de palavras e ritmos aparentemente simples, de um núcleo de imagens surpreendente.
Na sua maioria breves, sem que transpareçam grandes elaborações a nível de linguagem, o que mais cativa nos poemas desse livro é a harmonia entre forma e conteúdo, a revelação das imagens mais inesperadas através de um estilo curto, simples, mas profundo no que evoca e próximo e íntimo nos sentimentos que desperta para com o sujeito poético. Cada poema é, por si só, um ponto de emoção onde o lado pessoal se cruza com laivos de um imaginário prodigioso. O resultado é um conjunto que grava imagens na memória, que traz à mente a evocação dos sentimentos universais e que surpreende também pela precisão como, de poucos e simples versos, brotam imagens tão nítidas, tão surpreendentes para emoções tão familiares.
Sobressai, portanto, o prodigioso equilíbrio entre a simplicidade da forma e a profundidade contida nas breves palavras de cada poema. Uma forma que se adequa na perfeição ao conteúdo, já que há, no lado mais emotivo e introspectivo de cada poema, um lado que é, ao mesmo tempo, pessoal e universal, nas emoções com que cada leitor se pode identificar. Os afectos, a nostalgia, a contemplação da passagem do tempo e dos rastos deixados pelo mundo... São sentimentos e temas intemporais e o autor explora-os com fascinante mestria, sempre com a tal simplicidade aparente que esconde uma mensagem mais profunda e mais vasta.
Fica, no fim desta curta leitura, a sensação de entrar num mundo que é, ao mesmo tempo, estranho e familiar, feito das mesmas emoções que movem o mundo, mas moldadas em imagens muito particulares, que surpreendem ao mesmo tempo que se reconhecem. Belo pela fluidez das palavras e marcante pelas emoções... Muito bom.
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