Dois Mundos - Despertar das Trevas (Ricardo Nieves)

William é um rapaz normal. Introvertido, um pouco anti-social, mas tão humano como qualquer outro. Ou não? A verdade é que sempre teve a sensação de não pertencer ao ambiente em que vive. E quando, subitamente, o seu corpo começa a manifestar sinais de doença, William começa a questionar a sua natureza. Além disso, a família recebeu um visitante misterioso, dotado de capacidades que apenas reconhecia no próprio pai e as suas conversas parecem estar envoltas num ambiente de secretismo. Ainda assim, William está longe de imaginar a dimensão do mundo desconhecido a que pertence. E, queira ou não queira, acabará envolvido numa batalha da qual os comuns mortais não fazem a menor ideia.

Centrado num conflito entre sociedades secretas sobrenaturais, este é um livro em que transparecem as assumidas influências de anime e manga. Não surpreende, portanto, o destaque dado aos combates, que acabam por ser uma parte considerável de todo o enredo. Há, ainda assim, mais para a história que o conflito, acabando por ser estes detalhes os mais interessantes. No centro está William, é claro, e o mistério em torno de tudo aquilo que ignora é um dos elementos mais cativantes da história, servindo de base a algumas situações mais emotivas e abrindo bastantes boas possibilidades para os próximos livros. Além disso, também na criação do sistema há algumas boas ideias, ainda que, sendo também facilmente reconhecíveis as influências, não seja propriamente algo de novo.

Há, contudo, algumas fragilidades evidentes, principalmente no que diz respeito à escrita. Nota-se, desde logo, a ausência de uma revisão pelos vários erros ortográficos que surgem ao longo do texto. Mas há também várias frases confusas e uma exposição do sistema e dos acontecimentos que, por vezes, é difícil de acompanhar. É difícil, por vezes, identificar os intervenientes de uma determinada acção ou diálogo, e o mesmo acontece com a caracterização do sistema, já que as linhas - comuns e divergentes - de cada um dos adversários acabam por nunca ser completamente definidas.

Ficam, também, muitas perguntas em aberto, o que é expectável, sendo este o primeiro volume de uma série. Algumas delas despertam até bastante curiosidade, deixando vontade de ler os próximos livros. Falta, ainda assim, um pouco mais de cuidado na exposição dos acontecimentos e da caracterização das personagens, de modo a tornar a leitura mais fluída e envolvente.

Trata-se, portanto, de uma história interessante, com boas ideias e alguns momentos bem conseguidos, mas que perde por algum descuido na linguagem e pela apresentação algo caótica do sistema e de alguns acontecimentos. Fica, ainda assim, a curiosidade em saber o que acontece a seguir.