domingo, 24 de março de 2013

Burning Embers (Hannah Fielding)

Depois da morte do pai, Coral Sinclair regressa ao Quénia para tomar posse da sua herança. Mpingo, o lugar onde viveu enquanto criança, desperta-lhe boas memórias. Agora, contudo, o seu regresso mostrar-lhe-á um mundo diferente. Desde o primeiro momento em que se cruza com o enigmático Raphael de Monfort, ambos se sentem dominados pela atracção… e, talvez, algo de mais forte. Mas Rafe é um mulherengo inveterado e um homem com um passado sombrio, enquanto Coral é jovem e inocente… e ligeiramente imatura. Será possível que o sentimento entre ambos seja verdadeiro? E poderá ser forte o suficiente para superar os segredos e rumores em torno do passado de Rafe?
Parte do que torna um romance cativante é a interacção entre os protagonistas e, sendo a ligação entre Rafe e Coral o foco central desta história, não é propriamente uma surpresa que as diferenças e ligações entre ambos sejam o grande ponto forte deste livro. Os protagonistas dificilmente poderiam ser mais diferentes, mas a construção das suas personalidades faz com que se completem mutuamente, compensando as suas fraquezas individuais. 
Rafe é um homem experiente, mas as sombras do seu passado - e uma secreta culpa que sempre o acompanha – tornaram-no frio e indiferente ao ideal de amor. Por outro lado, Coral é ingénua, pouco mais que uma rapariga. Está, também, quase sozinha num ambiente novo, o que a torna influenciável e, por vezes, demasiado precipitada nos seus julgamentos. Mas, diferentes como são, de facto, Rafe e Coral têm, entre ambos, algo de intenso a acontecer. E a forma como a autora explora esta relação, com todos os atritos e mal-entendidos, mas também episódios de harmonia e ternura, está na base de muitos bons momentos.
Mas há mais neste livro, para além do romance. O ambiente tem também bastante de fascinante, com o trabalho fotográfico de Coral – e alguns dos seus momentos com Rafe – a apresentar cenários de grande beleza, permitindo também uma percepção mais clara da época e do lugar onde decorre o enredo. E, quanto ao passado de Rafe, as razões que o tornaram no que são abrem espaço para algo de reflexão relativamente a segredos e demónios interiores e à necessidade de julgar apenas com o conhecimento dos factos. Ou, por vezes, simplesmente não julgar.
Bem escrito, com um cenário fascinante e personagens interessantes, esta é não só a história de um romance complicado, mas também, de certa forma, uma história de redenção e superação do passado. Uma boa leitura, portanto, e um livro que recomendo.

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