Consumido pelo ódio que sente pelas bruxas e por qualquer forma de poder mágico, o Inquisidor-Mor não se deterá até que toda a magia seja extirpada de Sylvalan. Mas, depois de demasiado tempo de separação - e de demasiadas ligações esquecidas - Fae, bruxas e humanos vêem-se obrigados a lutar por um objectivo comum. Não é uma união que os deixe confortáveis. Já não se conhecem bem e sabem que o poder da Casa da Gaian apenas é controlado pelos valores dos que o detêm. Mas não há alternativas. E os caminhos de tantos que até então se cruzaram convergem agora para uma batalha final... que trará perda e morte e justiça e vingança. E que poderá, talvez, mudar a forma do mundo.
Volume final de uma história que, no seu decurso, apresentou muitas personagens, ambientes e situações marcantes, A Casa de Gaian fecha em beleza uma história que é tanto da luta global entre os Inquisidores e o mundo que pretendem controlar como das batalhas e vivências pessoais das suas personagens. E, como vem sendo habitual nos livros desta autora, são, mais uma vez, as personagens o maior de todos os pontos fortes deste livro. Complexas e cativantes, surpreendem tanto pelas peculiaridades da sua natureza como por aquilo que as humaniza. Ante grandes decisões e situações de perigo, revelam o máximo das suas forças, expondo também as vulnerabilidades no que são perante os que amam. E, destas personalidades carismáticas, surgem momentos de grande emotividade, acções e formas de pensar para com as quais é fácil criar empatia e, de tudo isto, uma familiaridade que as torna próximas, que torna fácil sentir por elas - e viver com elas.
Mas nem só das personagens vive esta história. Há todo um mundo, desenvolvido ao longo da trilogia, com particularidades que o definem e uma vastidão de elementos que, fundindo diferentes ambientes com a forma de viver daqueles que os habitam, tornam mais vasto o decorrer do enredo. Muito já foi dito sobre este mundo nos livros anteriores, mas mais é revelado neste volume final. E os novos desenvolvimentos, quer a nível do poder presente, quer dos que dele dispõe, colocam certos elementos da história sob uma nova perspectiva.
Quanto ao enredo propriamente dito, domina, como seria de esperar, o crescendo de planos e acções no sentido do derradeiro confronto. Mas há mais que isso. Há histórias particulares de cada uma das várias personagens que foram surgindo ao longo do enredo e que agora encontram uma conclusão, mais ou menos ligada à da grande batalha. E, de todos esses pequenos - mas relevantes - momentos, resulta uma história mais vasta, a dos sacrifícios feitos em nome de algo maior, seja a sobrevivência de um mundo, seja a preservação de alguém amado. Também disto resultam os tais momentos emotivos e a tal sensação de proximidade que torna a história tão marcante.
E é assim, pois, que termina esta história de grandes e de pequenas batalhas, de conquistas pessoais e da defesa do que verdadeiramente importa. Marcante e surpreendente, A Casa de Gaian encerra da melhor forma a história do seu mundo e das suas personagens. E fica na memória, bem depois de terminada a leitura.
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