Mirren Kincaid foi criado para ser um guerreiro e
mercenário. Quando o transformaram em vampiro, a única mudança foi na
identidade dos seus empregadores. Mas isso foi antes de ele perceber que
nenhuma das pessoas que ele era enviado para matar era mais culpada que os que
o enviavam. Foi nesse ponto que decidiu fingir a própria morte para se afastar
do papel de executor do Tribunal. O problema é que eles querem-no de volta.
Mirren encontrou em Penton e no seu peculiar grupo de vampiros, a paz possível,
mas o Tribunal não está disposto a permitir a sua situação. Mathias Ludlam, um
dos seus membros, consegue capturá-lo, tanto para defesa do interesse do
Tribunal como do seu próprio. E, ao encontrar uma humana com poderes psíquicos –
poderes que não consegue quebrar – ele espera poder usá-la para quebrar o
controlo de Mirren, levando-o a matar. Mas Glory Cummings não é tão fraca como
a julga. E Mirren, o vampiro sem coração, está prestes a descobrir que não a
pode deixar para trás.
Um dos pontos mais interessantes deste livro está no
ambiente onde tudo decorre. Sendo o segundo livro da série, é natural que haja
alguma informação em falta para quem, como eu, não tiver lido o primeiro. Mas
há também mais que o suficiente para ficar a conhecer bem este mundo. É uma
história de vampiros e, por isso, tem muito em comum com os vampiros de outros
livros, mas tem também bastantes particularidades. E essas têm muito de
interessante. Todo o conceito do sistema de Penton, por oposição a um Tribunal
movido pelo poder, levanta várias questões interessantes, a começar, desde
logo, pela influência dos poderosos, idêntica no mundo sobrenatural e no
humano. Além disso, a ligação entre vampiros e humanos, tal como desenvolvida
em Penton, é uma ideia muito interessante e muito bem desenvolvida.
Além do sistema, há a inevitável mistura de romance e acção.
Grande parte da história envolve Mirren e Glory, e a relação entre ambos, sendo
de esperar, por isso, uma boa medida de romance a surgir. Neste aspecto,
sobressai a forma como as suas personalidades se complementam, diferentes em
muitos aspectos, mas ligadas por passados difíceis e uma natureza inerentemente
boa. Há os expectáveis momentos de estranheza, é claro, mas o rumo dos
acontecimentos leva a uma evolução na relação e um crescimento que abre caminho
para vários momentos intensos.
E é aqui que importa realçar os momentos de acção. Ainda que
a relação entre os protagonistas seja, na maioria do enredo, o foco, Penton tem
inimigos poderosos. Isto implica batalhas a travar, algumas pessoais, outras
por uma razão mais vasta. Significa também que outras personagens, além dos
protagonistas, terão um papel a desempenhar. Também isto contribui para o muito
bom equilíbrio entre o romance e acção presentes ao longo do enredo.
Tendo em conta tudo isto, o que este livro apresenta é, em
suma, um muito interessante sistema, que serve de base a uma boa história, de
ritmo intenso e com um conjunto de personagens muito interessantes. Um livro
viciante e, definitivamente, uma série a acompanhar.
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