Vidas Perdidas é uma obra-prima feita de bondade, raiva, graça e solidão, um livro que cativou o imaginário de todas as gerações desde que foi publicado, em 1956, e que evoca um mundo mais tarde imortalizado no clássico de Lou Reed, A Walk on the Wild Side. Esta primeira publicação da obra em Portugal é uma homenagem ao génio de Algren e um convite para que os leitores portugueses acedam ao universo singular de vidas perdidas retratado pelo escritor.
Esta é a história de um ingénuo rapaz do campo que foge de Hicksville, no Texas, para procurar uma vida melhor em Nova Orleães. Como pano de fundo, um país devastado pelo desemprego e pela pobreza da Grande Depressão. São os anos em que «o número de desempregados ascendeu a oito milhões, duzentos mil operários siderúrgicos tiveram um corte de quinze por cento nos salários, e isso levou um cardeal a perceber que o colapso económico do país era efetivamente um maravilhoso golpe de sorte, pois aproximava milhares de pessoas da pobreza de Cristo; em que foi pedido que se deportassem os desempregados de origem estrangeira; uma multidão linchou um homem em Atwood, no Kansas; uma crise no fundo de desemprego estava iminente; o preço do algodão subiu ligeiramente, acompanhando o do trigo; e o governador Huey Long disse que tinha chegado a hora de redistribuir a riqueza. Al Capone estava a caminho de Atlanta, e o preço do algodão voltou a cair, acompanhando o do trigo, mas o Congresso decidiu que não havia qualquer justificação para redistribuir a riqueza.»
Nelson Algren nasceu em 1909 em Detroit e viveu quase toda a vida em Chicago. Escreveu nove romances, entre os mais conhecidos The Man with the Golden Arm (o primeiro National Book Award americano, a publicar em breve pela Quetzal), Never Come Morning e A Walk on the Wild Side, que agora apresentamos em Portugal com o título Vidas Perdidas. Além disso, Algren foi igualmente um prolífico autor de contos, ensaios, livros de viagem e poemas. A sua vida foi uma sucessão de problemas com o jogo, casamentos desastrosos, intensos extremos que o levaram das prisões do Texas e das sopas dos pobres às festas e celebrações literárias de Hollywood. Nelson Algren teve também um longo e passional envolvimento amoroso com a escritora francesa Simone de Beauvoir. Nelson Algren morreu em 1981, pouco depois de ter sido nomeado membro da Academia Americana e Instituto das Artes e Letras.
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