domingo, 26 de janeiro de 2014

O Manipulador (John Grisham)

Malcolm Bannister foi preso por um crime que não cometeu. Talvez por excessiva ingenuidade, viu-se envolvido num esquema de lavagem de dinheiro e acabou por cair juntamente com os que o meteram naquela situação. Mas, cinco anos passados e perdido muito do que tinha, Mal tem pela frente a sua única hipótese de sair. E, pelo caminho, de se vingar das autoridades que o enganaram. Um juiz federal é assassinado e Malcolm diz conhecer o assassino e os seus motivos. Em troca da liberdade e de uma nova identidade, está disposto a contar o que sabe. Mas é possível que essa revelação seja apenas o início do caminho que Malcolm escolheu.
Narrado, em grande parte, na primeira pessoa, a história deste livro é contada de uma perspectiva muito próxima do protagonista. É possível acompanhar os pensamentos e as razões de Malcolm à medida que as coisas vão acontecendo. Contudo, nem tudo é o que parece no que o protagonista conta, e esta capacidade de adaptar ideias e memórias à imagem que Malcolm está a tentar passar em cada momento do enredo é um dos aspectos mais interessantes da história. Claro que nem todas são absolutamente convincentes - o próprio título denuncia que Malcolm não é apenas o que diz ser no início do livro - , mas, salvo algumas pistas e revelações mais fáceis de prever, a impressão geral é de tensão e mistério quanto baste, o que desperta a curiosidade em saber mais. Além disso, mesmo sabendo da existência de intenções ocultas, os motivos e as formas de acção nem sempre são claras, o que contribui também para manter a envolvência do enredo.
Uma outra consequência da forma de narrar a história, mas também da própria concretização dos planos, é a necessidade de uma certa medida de descrição. Assim, a leitura não é propriamente compulsiva, já que o ritmo dos acontecimentos é algo pausado, e as próprias mudanças começam em pequenas coisas, mas nunca deixa de ser envolvente. Além disso, pode sentir-se, a partir de certo ponto, alguma distância do protagonista, à medida que a sua faceta de manipulador vai sendo desenvolvida, mas o impacto dos acontecimentos e as circunstâncias de outras personagens compensam esse afastamento. Além disso, a linha base da história pode não ser totalmente surpreendente, mas há vários momentos que o são, ainda assim.
Não sendo exactamente uma leitura viciante, O Manipulador apresenta, ainda assim, uma boa história, cativante e agradável, com um protagonista intrigante e vários momentos e ideias surpreendentes. A soma de tudo é uma história interessante... e uma boa leitura.

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