Desde que saiu da Cúpula, Partridge já descobriu muitas verdades incómodas sobre quem é o seu pai e como é, realmente, o mundo em que vive. Descobriu também uma irmã para quem todos os dias são uma luta pela sobrevivência, muito longe da vida protegida que sempre conheceu. Agora, Partridge sabe que tem também de fazer alguma coisa para mudar a situação - e, ao que parece, o seu papel já está definido. Mas tudo se precipita quando uma mensagem da Cúpula o força a regressar. A sua batalha terá de ser diferente das de Pressia, Bradwell, El Capitan ou Lyda. Mas todos têm um papel a desempenhar - nem que seja na simples escolha entre fazer ou não fazer alguma coisa.
Dando continuidade à história do primeiro volume, ao mesmo tempo que põe em causa muito do que as personagens sabem ou julgam saber, este é um livro que, partindo do já muito interessante contexto desenvolvido no primeiro volume, o expande ainda mais, acrescentando novas particularidades e reviravoltas capazes de pôr tudo sob uma nova perspectiva. Esta evolução é, aliás, grande parte do que torna esta leitura tão cativante, pois para todas as personagens há novas descobertas a fazer, sejam elas sobre o contexto global ou simplesmente sobre o percurso das suas próprias vidas.
Também particularmente marcante é a forma como, num cenário que é, em si mesmo, desolador, há toda uma amplitude de emoções a percorrer as vidas dos protagonistas. Amor e negação do amor, medo e descoberta de uma coragem escondida, ânsia de normalidade e resignação ao que nunca será. De todo este universo emocional, resulta, acima de tudo, uma fácil empatia para com as difíceis circunstâncias das personagens. Mas também uma muito marcante facilidade em partilhar dos seus sentimentos - sejam eles de fúria ante uma descoberta revoltante ou de quase impotência ante algo que está a acontecer.
Mas, voltando ao cenário global, que é uma grande parte do que define a história, importa ainda realçar o conjunto de mudanças que, em maior ou menor grau, resultam da acção das personagens. Na Cúpula e fora dela, há novas descobertas a expandir a perspectiva global. E a levantar grandes perguntas, tanto sobre como pôde tudo aquilo acontecer como sobre o que virá a seguir.
O que me leva ao que é o grande pico de intensidade numa história toda ela intensa: a forma como a autora encerra a história, no que é claramente um grande ponto de viragem, mas deixa inúmeras perguntas em aberto. Isto tem dois efeitos. Primeiro a surpresa, ao ver como tudo se conclui - ou como tantas portas se abrem para o volume final - , e depois a curiosidade em saber para onde darão essas mesmas portas.
Eis, pois, um livro que, correspondendo às altas expectativas criadas pelo primeiro volume, as expande e eleva até mais longe. E uma história que, impressionante no cenário em que decorre, na intensidade e na emoção que pauta as vidas das suas personagens, e nas vastíssimas repercussões das reviravoltas operadas sobre o enredo, promete ainda muito mais para a sua conclusão. Intenso, profundo e surpreendente, trata-se, portanto, um livro que não posso deixar de recomendar. E que cria as melhores expectativas para o volume final.
Título: Fusão
Autora: Julianna Baggott
Origem: Recebido para crítica
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