Desde a chegada dos Outros que o mundo tal como o conheciam deixou de existir. Transformou-se numa luta pela sobrevivência, pois o objectivo dos extraterrestres parece ser um e um só: exterminar os humanos. Mas há qualquer coisa que não bate certo nesta história e cada momento perdido a pensar no significado das coisas pode representar um passo mais perto do perigo. Cassie Sullivan e o seu não muito unido grupo têm de decidir qual é o próximo passo. Antes que seja tarde demais e alguém decida por eles.
Dando continuidade a A 5ª Vaga, e apresentando muitas das mesmas características, este segundo volume funciona, em certa medida, como um livro de transição. Há muito a acontecer, uma grande intensidade no impacto de cada descoberta, e um percurso que, acompanhando diferentes personagens, abre caminho para novas revelações. E é aí que se encontra a transição: num abrir caminho em que se encontram várias respostas, algumas explicações bastante prováveis, mas em que muito fica em aberto, como que expandindo o mistério do primeiro volume, deixando pistas - mas ainda não certezas - para as possibilidades de uma resolução final.
O facto de ficarem tantas perguntas sem respostas, bem como uma maior concentração na acção e menos no desenvolvimento das personagens (ainda que, na fase final, haja um conjunto de desenvolvimentos com um impacto impressionante) torna o percurso das personagens um pouco mais distante. Além disso, a inevitável separação de caminhos faz com que haja menos desenvolvimento das relações e das personalidades e mais uma expansão do que cada personagem tem de fazer em nome da sua sobrevivência. Isto distancia um pouco algumas das personagens, é certo, mas, por outro lado, faz com que o impacto da fase final seja mais forte, ao mesmo tempo que, ao pôr em causa uma parte importante do que se julgava certo, faz com que quase todas as possibilidades estejam em aberto para a conclusão desta história.
Importa ainda referir que, apesar desta maior distância, causada por circunstâncias que exigem mais acção e menos emoção, há, ainda assim, emoção mais que suficiente. Nos pensamentos das personagens, na perda que trazem consigo e, acima de tudo, nos grandes pontos de viragem que lhes surgem no caminho, há mudanças capazes de quebrar e de reconstruir o coração das personagens. E isso é algo que, em certa medida, se transmite ao leitor.
Intenso e cativante, mesmo que não tão surpreendente como o primeiro volume, este é, pois, um livro que corresponde às expectativas, mostrando acima de tudo os desafios que as suas personagens enfrentam - mas também as suas vulnerabilidades - e abrindo caminho para um final em que tudo é possível. Uma boa leitura, portanto, e que deixa muita vontade em saber o que se seguirá.
Título: O Mar Infinito
Autor: Rick Yancey
Origem: Recebido para crítica
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