Viver - e principalmente crescer - nos anos 70 e 80 foi como uma passagem entre mundos, de um mundo com muito pouco a um outro cheio de coisas para descobrir. E é a partir de todas essas coisas - brinquedos, roupa, música, alimentos - que, neste livro, se constrói uma autêntica viagem ao passado. Para os que viveram esse tempo, ou parte dele, é um regresso a muitas boas memórias. Para quem veio depois, é um sem fim de descobertas. E, para todos, mais novos, mais velhos, nostálgicos ou curiosos, é, sem dúvida alguma, um caminho muito interessante.
Um dos primeiros factores a chamar a atenção para este livro é o aspecto. Cheio de cor, repleto de imagens dos objectos e marcas que definiram toda uma época, começa, desde logo, por ser uma viagem visual. E isto cativa tanto pelas coisas facilmente reconhecíveis como pelas que, de tão diferentes, quase que podiam ser de outro mundo. Ora, basta isto para evocar aquele misto de nostalgia e de descoberta - pelo menos para aqueles que, como eu, conhecem algumas coisas e outras não - que retrata todo um tempo através das coisas mais simples.
A este leque de imagens junta-se uma estrutura organizada que, percorrendo as diferentes facetas da vida - e da juventude - naquele tempo, agrupa pontos comuns ao mesmo tempo que, da soma das partes, permite ver um todo maior. E depois o texto, que, num registo pessoal e intransmissível, mas com pensamentos facilmente reconhecíveis para todos os que recordam como eram bons os tempos da inocência, reforça o tal apelo à nostalgia que vem das memórias reunidas neste livro.
Há ainda uma outra faceta a destacar nesta viagem ao passado: a diversão. Porque, afinal, recordar as coisas boas da infância e da juventude - sejam elas objectos, experiências ou simplesmente slogans que ficaram - tem de ser uma aventura especial. E a forma leve e cativante como os autores constroem este percurso é também parte do que torna esta viagem tão memorável.
Visualmente apelativo, cativante e bem estruturado, este é, portanto, um livro que se aproxima em muito do ideal. Para relembrar o passado ou para o descobrir, nas coisas, nos momentos e nas memórias. Recomendo.
Título: Lembras-te Disto?
Autores: Pedro Marta Santos e Luís Alegre
Origem: Recebido para crítica
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