Do mundo, da vida, do que nos faz humanos. De tentar, cair e voltar a tentar. Do ser individual e das suas relações com os outros. E de um mundo que, apesar de pessoal, tem muito de universal e de comum com quem o lê. De tudo isto falam estes poemas, num livro que, apesar da brevidade (do livro e de muitos dos poemas) nunca deixa de cativar.
Um dos aspectos que desde muito cedo se destaca neste pequeno livro é a estrutura dos poemas. Ou, melhor dizendo, a ausência de uma estrutura definida. Sem rima, sem uma métrica rígida, os versos fluem à medida do pensamento. E esse pensamento pode dar origem a um poema longo ou a um muito breve. Em comum, a simplicidade dos versos, que dizem o que precisam de dizer sem floreados desnecessários.
Se, por um lado, pode acontecer, nalguns dos textos, que se sinta a falta de um maior desenvolvimento da imagem ou da ideia central do poema, também é curioso notar que muitos dos poemas mais marcantes são precisamente os mais curtos, aqueles em que, concentrada em meia dúzia ou menos de verso, há toda uma ideia essencial resumida - quase como um pequeno provérbio de sabedoria.
Importa ainda realçar, em termos de temas, o interessante contraste entre o eu e os outros, criado pela conjugação de alguns poemas em que é o sujeito poético que se destaca e de outros em que é a visão deste sobre o mundo a sobressair. Cria-se assim uma muito agradável diversidade de temáticas, sem por isso perder a coesão que o lado pessoal confere ao livro.
A impressão que fica é, pois, a de um livro sólido e coeso, em que, apesar da brevidade e da aparente simplicidade, há muito de cativante para descobrir. Uma boa leitura, portanto, e uma bela descoberta.
Título: Suspiro
Autor: Cleverson Garrett
Origem: Recebido para crítica
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