sexta-feira, 6 de agosto de 2021

O Monge e o Milionário (Vibhor Kumar Singh)

À primeira vista, seria de esperar que fossem totalmente incompatíveis. Um, um capitalista ferrenho, dedicado de alma e coração aos seus investimentos e ao sucesso empresarial. O outro, focado numa vida minimalista como forma de encontrar a paz e a sabedoria. Mas eis que, de formas diferentes, ambos se veem confrontados com a mesma pergunta: és feliz? E é esse o ponto de partida para uma parceria lucrativa, não só do ponto de vista financeiro, mas sobretudo da perspetiva mental.
Um dos aspetos mais interessantes desta pequena mas muito interessante leitura é o contraste que cria entre dois mundos diferentes, realçando tanto os obstáculos como as lições positivas a retirar de cada um desses mundos. As personagens são Monge e Milionário, mas aquilo que representam tem repercussões interiores: o Monge, com a sua emotividade, a sua presença espiritual e a sua visão mais minimalista do mundo, representa o coração; o Milionário, com a sua racionalidade, o seu pragmatismo e o seu pensamento sistemático, corresponde obviamente ao cérebro. E, assim, os dois mundos em colisão tornam-se forças complementares. Na história como na vida.
Sendo uma história breve, é também de esperar que seja relativamente simples. A história propriamente dita é, aliás, feita mais de pequenas partilhas do que propriamente de grandes acontecimentos. Ora, tendo isto em vista, é apenas natural que fique uma certa curiosidade insatisfeita, pois, mais centrada na lição do que num possível enredo, fica uma certa vontade de conhecer melhor estas personagens. Mas é também um daqueles casos em que a mensagem é mais importante do que o mensageiro, fazendo, por isso, sentido que personalidades e histórias passem frequentemente para segundo plano.
Falando, então, na mensagem. Mais do que soluções perfeitas, o que este livro apresenta é um conjunto de ideias e de pontos de partida para a busca da felicidade. Não promete fórmulas mágicas - até porque não existem fórmulas mágicas. Mas tem a capacidade de, em moldes inesperados e com uma simplicidade sempre cativante, nos fazer refletir um pouco, não só sobre a própria felicidade, mas também sobre outros aspetos da vida, desde o rancor ao perdão, passando até pelas ideias preconcebidas que temos de certas práticas.
Breve e leve, mas com uma boa base para reflexão, trata-se, pois, de uma história simples, mas onde Monge e Milionário - cérebro e coração - refletem um pouco de cada um de nós. Muito interessante, em suma, em múltiplas facetas.

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