O único objectivo na vida de Sam Capra é recuperar o filho, mas aqueles que o têm em seu poder não estão dispostos a entregá-lo assim tão facilmente. Enquanto organização criminosa, a Novem Soles tem vastos poderes e uma política de secretismo invulgarmente eficaz. Ainda assim, Sam está disposto a encontrá-los, mesmo que apenas para recuperar o filho, e, mesmo quando o inimigo parece ter olhos em toda a parte, Sam não está sozinho. Mas a Novem Soles sabe que pode controlar Sam através do filho e, por isso, não hesita nas suas exigências: se Sam quer recuperar Daniel são e salvo, então terá de matar às ordens do seu inimigo.
Apesar de ser o segundo volume de uma série, não é necessário ter lido o volume anterior, Adrenalina, para compreender o enredo deste livro. Na verdade, a informação relativa aos acontecimentos anteriores é apresentada de forma gradual, à medida em que é relevante para os acontecimentos deste livro. Além disso, a linha principal do enredo é explorada, na sua quase totalidade, neste livro. As ligações a acontecimentos anteriores são evidentes, mas os acontecimentos essenciais da busca de Sam e do que este se vê obrigado a fazer fazem, todos eles, parte do que é narrado neste livro. Não fica, em momento algum, a sensação de informação em falta, mas antes a curiosidade em ler Adrenalina, para acompanhar em pleno os momentos em que tudo começou.
Tendo em conta quer o objectivo de Sam, quer a missão que lhe é dada pela Novem Soles, não é surpresa nenhuma que boa parte do enredo se construa como uma corrida contra o tempo. E é aqui que reside um dos pontos fortes deste livro: a história evolui num ritmo de acção constante, tendo como base um plano e uma missão, mas seguindo num sentido em que basta um momento ou uma pequena falha para que tudo mude por completo. A leitura torna-se compulsiva, até porque, na busca frenética por Daniel e na necessidade imperiosa de obedecer, em tempo útil, ao que lhes foi ordenado, o percurso de Sam revela todo um mundo de conspiração e intriga, onde nem as entidades consideradas seguras o são na verdade. Traição e engano fazem tanto parte desta história como a acção que lhe dita o ritmo e abrem caminho para uma história cheia de surpresas e revelações interessantes.
O outro grande ponto forte está na caracterização das personagens. Sendo a acção o centro da narrativa, o que define e o que caracteriza as personagens é, naturalmente, apresentado de forma gradual. É também um carácter que se infere mais de palavras e acções que propriamente do que é dito ao leitor na descrição. O resultado é, por um lado, uma aura de mistério e imprevisibilidade, porque nunca se sabe ao certo a próxima acção de determinada personagem, e, por outro, uma cativante facilidade em criar empatia com as personagens, pois a forma como a sua natureza se revela torna-as, aos poucos, familiares. Isto é particularmente bem conseguido na construção da personalidade de Sam, mas também na de Mila, até porque os paralelismos entre as histórias de ambos permitem uma perspectiva mais ampla daquilo em que estão envolvidos.
Viciante e com um protagonista carismático, rico em acção, mas também com as medidas certas de mistério e de empatia, O Último Minuto junta intriga e conspiração a nível global com a história mais pessoal de um homem capaz de tudo para recuperar o seu filho. Intenso, surpreendente... Muito bom.
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