Abandonado em plena lua de mel devido ao vício do jogo, Danny Featherbow procura conforto nas mulheres com que se cruza. Mas encontra mais que isso. Nove meses mais tarde, nascem três meninas que, vinte anos mais tarde, descobrirão a necessidade de encontrar respostas para o que aconteceu com o pai. Será a busca por respostas e pelo legado do pai que fará com que os caminhos de Esmé, Claudia e Megan se encontrem, levando-as a questionar não só o pouco que conhecem sobre o pai, mas principalmente as escolhas que fizeram para as suas vidas. Na ilha de Des Amparados, as três raparigas encontrarão um ponto de partida para a mudança... e algo mais.
Escrita de forma leve e directa, mas com uma cativante aura de mistério, esta é uma história que cativa principalmente pela forma como conjuga o enigma em torno do que aconteceu a Danny com as atribulações das vidas das suas filhas. Não existindo à partida uma relação evidente com Danny, até porque nenhuma das jovens o conheceu, o mistério do que lhe terá acontecido em Des Amparados funciona, desde cedo, como o factor que põe em marcha muitas das grandes decisões. Não é o único, é certo, mas acaba por ser o impulso que faltava para, associado às diferentes complicações da vida das protagonistas, as levar a seguir a linha do segredo por descobrir. E este lado mais misterioso do enredo vem complementar uma história que, tendo muito de drama familiar nas relações entre as protagonistas e as respectivas mães, acaba por se expandir para algo maior que a história desses dramas.
Um outro aspecto interessante é a forma como os pontos de vista das três protagonistas - e, em pequenos momentos, de Danny - permitem uma agradável diversidade de pontos de vista, tanto sobre o local que serve de cenário à narrativa (problemas sociais incluídos), como sobre o que terá acontecido a Danny e as consequências das respostas conseguidas. Origens e personalidades diferentes permitem que Megan, Esmé e Claudia tenham também diferentes propósitos, formas de agir e reacções às revelações que vão surgindo. Mas também as semelhanças entre as três sobressaem no decorrer do enredo e o resultado é uma história que é tanto a solução de um mistério como a descoberta de uma família e uma aprendizagem pessoal. Tudo isto com a medida expectável de sucessos, mas também com os inevitáveis fracassos, e num caminho que cativa também porque nem todas as respostas são fáceis de aceitar.
Ficam, nalguns aspectos, algumas perguntas sem resposta. Particularmente na história da mãe de Esmé, e na relevância que esta têm para a própria Esmé, as circunstâncias vividas por ambas são resolvidas de forma algo ambígua. Não se trata propriamente de uma ponta solta, mas antes da sensação de que mais haveria a dizer sobre o assunto, até porque o papel de Catalina e a sua ligação a Carlos acaba por ter uma influência sobre um dos acontecimentos mais intensos da fase final.
Cativante e com um bom equilíbrio entre acção, tensão e emoção, O Verão dos Segredos apresenta uma história que, mais que da busca por um segredo no passado, trata do crescimento das suas protagonistas e de como mesmo os erros cometidos são uma forma de crescer. Uma boa leitura.
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