quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Justiça de Kushiel (Jacqueline Carey)

A longa estrada de Phèdre nó Delaunay levou-a ao mais sombrio dos destinos e a ter de suportar o intolerável. Mas o seu espírito não desistiu. O caminho que se propôs, o mistério que jurou desvendar e a promessa que tem ainda por cumprir obrigam-na a persistir, mesmo nas mais negras circunstâncias. E Phèdre não está só. Por perto, o seu Companheiro Perfeito espera a oportunidade de, mais uma vez, proteger e servir. Oportunidade que só a própria Phèdre pode encontrar forma de criar. O caminho é sombrio, mas continua, e a libertação é apenas o início de uma nova etapa. Terre d'Ange espera. Hyacinthe espera. E, por mais negra que seja a hora, Phèdre sabe que tem de lhes responder.
Volume final da história de um longo percurso, é difícil falar deste livro sem revelar demasiado. A história segue na continuidade da dos livros anteriores, havendo, por isso, neste livro final, todo um conjunto de revelações novas e desenvolvimentos inesperados. Os pontos fortes, no entanto, são os mesmos, e, todos juntos, fazem deste livro uma conclusão memorável.
Aqui, tal como nos restantes livros desta saga, tudo é fascinante. O mundo é, agora, familiar, mas há, ainda assim, novos lugares a conhecer e a autora desenvolve-os com mestria, num sistema complexo, mas muito bem explorado, apresentado de forma gradual e sempre envolvente, associando o fascínio do seu mundo ao fascínio dos que nele habitam. A história deste mundo é impressionante, por si só, mas é-o também pela forma como é revelada, sempre intimamente ligada à história das personagens centrais.
Personagens, estas, que são outra grande força deste livro. Complexas, repletas de facetas desconhecidas, com um carisma impressionante e profundamente marcantes no tipo de emoção que conseguem evocar, não há neste livro figura que não tenho algo capaz de apelar ao coração do leitor. Até os vilões o têm, vistos pelos olhos de Phèdre, a quem a sua peculiar natureza permite, por vezes, ver de um modo diferente. 
Emoção é algo que não falta neste livro. Seja nos pequenos momentos, seja pela enormidade das mais trágicas circunstâncias em que as personagens se encontram, há, ao longo desta história, inúmeros momentos marcantes. Alguns de deixar um sorriso nos lábios, outros de partir o coração, episódios intensos não faltam neste livro e o mais surpreendente é que nem sempre são as grandes situações. Às vezes, bastam algumas palavras usadas com mestria.
E é essa mestria com as palavras o ponto que falta referir. A escrita da autora tem um tom muito particular, de uma beleza surpreendente. Elaborado, mas com uma cativante fluidez, o estilo de escrita adequa-se na perfeição à história narrada e à personalidade da narradora. Aí está outro ponto marcante e mais um dos que definem a beleza desta história.
Marcante e surpreendente, Justiça de Kushiel é, para as suas personagens e para as histórias que viveram, o mais adequado dos finais. Muitíssimo emotivo, rico em momentos fortes e com uma beleza simplesmente comovente, não poderia haver melhor fim para este caminho. Maravilhoso.

1 comentário: