quarta-feira, 2 de julho de 2014

Morte numa Noite de Verão (K.O. Dahl)

Katrine Bratterud superou a toxicodependência e está pronta para dar início a uma nova vida. Mas há pessoas no seu passado que continuam a assombrá-la e respostas que ficaram por encontrar. Na última noite da sua vida, Katrine está perturbada. Na festa onde se encontra, todos notam que ela não está bem. Por isso, ao ser revelado, pouco depois, que Katrine foi assassinada, as memórias dessa noite estão, aparentemente, muito frescas para todos os presentes. Os inspectores responsáveis pela investigação recolhem, por isso, informação abundante... mas também contraditória. E o que parece ser a solução mais evidente para o caso - reforçada pelas memórias, mas também pelos comportamentos - pode vir a ser o ponto de partida para uma revelação.
Partindo das últimas horas da vida da vítima para só depois se concentrar na investigação, esta é uma história que marca, principalmente, pelos raros mas marcantes momentos de proximidade que se sobrepõem a uma geral impressão de distância. Ao começar a história pelas acções de Katrine, o autor desperta curiosidade, ao mesmo tempo que espelha, na perturbação da jovem, um conjunto de possibilidades para o que poderá estar na origem do seu fim. Por outro lado, os protagonistas da investigação acabam por ser personalidades não muito empáticas, o que torna o ritmo do enredo um pouco mais pausado, ainda que, entre as diferentes pistas e as consequentes descobertas, haja mais que o suficiente para manter vivo o interesse na história.
Ainda que nunca se torne de leitura compulsiva, esta não deixa de ser uma história envolvente. A forma como o autor narra os acontecimentos é relativamente pausada, com uma boa medida de descrição a acompanhar o desenrolar das investigações e uma linha de acontecimentos em que grande parte das revelações deriva de interrogatórios mais ou menos úteis. Ainda assim, há bastante de interessante nestes desenvolvimentos, seja pelo que revela das personagens, seja pelo contexto global que, aos poucos, vai sendo desvendado.
Para além do caso em si, sobressaem ainda algumas questões relevantes, primeiro a partir da reabilitação de Katrine e, depois, da forma como os diferentes intervenientes parecem ver a situação. Vidas duplas, algo de preconceito e segredos em abundância parecem ser uma componente essencial desta história, não só no que diz respeito à morte de Katrine, mas também a relações e acontecimentos de um passado relativamente distante. Nem todas as motivações são reveladas e algumas são explicadas de forma muito breve. Ainda assim, este conjunto de circunstâncias menos claras contribui também para acrescentar complexidade ao enredo.
Envolvente, ainda que não viciante, Morte numa Noite de Verão apresenta uma história intrigante, com personagens complexas e um mistério do qual, mesmo sem que sejam dadas todas as respostas, resulta um final de grandes revelações. Vale a pena ler, portanto.

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