Will Robie sabe que o seu trabalho para a Agência exige máxima calma e máxima precisão. Mas um incidente inesperado numa missão compromete a sua tão meticulosamente construída calma e, se quer voltar a desempenhar o seu papel, Will tem de resolver os problemas do seu passado. Até porque não podia haver melhor altura. O pai, a quem há muito virou costas, está preso e a acusação de homicídio parece mais sólida do que seria desejável. Will terá, pois, de voltar ao lugar onde cresceu, enfrentar o passado e, se possível, salvar a vida do pai. Pois todas as provas apontam para Dan Robie - mas a verdade não é assim tão simples.
Uma das grandes forças dos livros deste autor é a facilidade com que nos transporta lá para dentro, levando-nos numa viagem cheia de perigos e revelações, onde cedo se torna impossível resistir à vontade de saber mais. Isto deve-se a vários factores: a escrita, com os seus capítulos curtos e o ritmo de acção constante; o enredo, com todos os seus mistérios, intrigas e surpresas; e principalmente as personagens, com a sua natureza complexa, a inevitável ambiguidade moral e, todavia, uma empatia praticamente imediata.
Claro que Will já é uma figura conhecida, pelo menos para quem leu os outros livros desta série, e estas facetas não são propriamente novas. Mas aqui a história torna-se ainda mais pessoal e, se já antes era uma surpresa o grau de vulnerabilidade e empatia geradas por Will (principalmente tendo em conta a sua escolha de carreira), este confronto com o passado traz à superfície todas as marcas da sua vida e, por isso, é ainda mais irresistível a vontade de mergulhar na sua história - e só vir à tona no fim.
Nem só de Will vive a história, claro. E, sendo este um regresso às origens, a família e as amizades passadas desempenham um papel importante - além, é claro, da linha central do enredo. Afinal, é o pai de Will que está preso. Mas o mais impressionante é a forma como todas estas facetas - vida pessoal e profissional, amizades e reencontros, intrigas e revelações - se conjugam num equilíbrio praticamente perfeito, em que tudo - da tensão à emoção e sem esquecer o humor - tem precisamente as medidas certas.
Tudo somado, fica a melhor das impressões: a de uma história repleta de acção e intensidade, mas com espaço para as vulnerabilidades pessoais de uma personagem que, a cada volume que passa, se torna mais complexa e fascinante. Muito bom.
Título: Danos Colaterais
Autor: David Baldacci
Origem: Recebido para crítica
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