O ano não podia ter acabado melhor para a Francisca, com o pedido de namoro do rapaz em quem há muito está interessada. Agora, o novo ano começa com o seu primeiro namorado - e com todos os suspiros, borboletas no estômago e gestos românticos piegas que isso acarreta. Mas a vida da Francisca não se resume ao Pedro. Tem as suas actividades, as amigas, o seu canal dedicado a salvar o ambiente. E, claro, a temível necessidade de não tirar negativa a matemática. Será que consegue conciliar tudo?
Parte do encanto de ler este género de livros enquanto adulta é a facilidade com que estas histórias simples e leves nos transportam para tempos mais inocentes. É que, mesmo não pertencendo já ao público a que este livro se destina, facilmente vêm à memória os tempos em que o maior drama da nossa vida era ter de comer as verduras ou a preocupação em fazer os trabalhos de casa. É como que uma viagem pela nostalgia, associada à nítida percepção de um cuidado em transmitir aos mais novos a leveza do seu tempo e a importância das grandes questões actuais.
A Francisca é uma ambientalista e isso é uma parte importante das suas histórias. Mas é interessante a forma como a autora conjuga esta dedicação - bem como a mensagem que lhe está associada - à história do que é resumidamente uma vida normal. A mensagem é passada de forma clara e precisa, mas não domina por completo o livro, abrindo espaço para as muitas e divertidas peripécias da vida escolar, familiar - e agora também romântica! - de uma personagem que cativa especialmente pela sua mistura de irreverência e responsabilidade.
Importa ainda - e como sempre, aliás - fazer referência às ilustrações, que, além de conferirem ao livro o verdadeiro aspecto de um diário, dão mais vida a alguns dos episódios mais caricatos da história. Tudo - texto e ilustrações - é simples, mas é precisamente isso que o torna tão eficaz. É, afinal, o diário de uma miúda de dez anos - e facilmente o visualizamos como tal.
Pode não haver muito de novo para dizer, já que, ao quarto volume desta divertida série, mantêm-se as qualidades essenciais. Mas é exactamente isso que a torna tão interessante: mesma protagonista, mesmas peripécias, mesma vida normal... e, ainda assim, nunca deixa de surpreender e cativar. Vale, pois, muito a pena continuar a acompanhar os diários da Francisca.
Autores: Maria Inês Almeida e Manel Cruz
Origem: Recebido para crítica
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