Kamala pode ter uma vida normal muito estrita, mas, quando veste o fato de Ms. Marvel, a cidade é o seu domínio. E a sua presença é mais necessária que nunca. A sua mais recente paixoneta revelou ser um dos lacaios de um super-vilão e, após ter sido rejeitado por Kamala, voltou agora as suas atenções para a sua família. Mas, como se não bastasse essa preocupação, algo se passa na cidade - e tem todo o aspecto de ser o fim do mundo. Felizmente, desta vez Kamala tem reforços. E nada mais nada menos que a "mais-que-fixe" Carol Danvers... também conhecida como Capitã Marvel.
Um dos aspectos mais cativantes de Kamala enquanto super-heroína é o facto de, em parte devido à idade, em parte devido à novidade dos seus poderes, estar muito longe de ser uma figura perfeita. Tem poderes fantásticos, o coração no sítio certo e coragem para dar e vender... mas também tem dúvidas, vulnerabilidades e um coração partido. Ora, o que isto significa é que, com super-poderes ou sem eles, Kamala é uma personagem surpreendentemente humana, o que se torna particularmente evidente neste volume, já que, ante a iminência de um possível fim do mundo, as relações pessoais acabam por assumir um papel muito importante.
Mas desengane-se quem pensa que a história é mais parada ou introspectiva. Muito pelo contrário. À inevitável introspecção - com todas as descobertas pessoais associadas - junta-se um conjunto de cenas de acção muitíssimo intensas, cheias de movimento e de intriga (ainda que sem todas as respostas) e com o habitual sentido de humor a que Kamala já nos habituou. Além disso, o contraste entre estas duas facetas torna-se particularmente evidente a nível visual, com a expressividade dos rostos, sobretudo nos planos mais próximos, a contrastar com o caos mais ou menos generalizado (e cheio de pormenores) que se espera da omnipresente ameaça de um apocalipse.
É sobre este fim do mundo que ficam algumas questões em aberto, sendo um daqueles casos em que provavelmente um conhecimento mais aprofundado deste(s) universo(s) poderá facilitar a compreensão. Ainda assim, é interessante notar que, embora sem grandes explicações sobre o que se passa, a forma como essa linha da história termina é surpreendentemente adequada. A grande força de Kamala enquanto super-heroína é precisamente a sua humanidade - e, assim sendo, faz todo o sentido aquele momento final.
Acção e intensidade contrastam, pois, com a vulnerabilidade e a relativa inocência da protagonista para criar uma história que, entre o global e o individual, nunca deixa de ser cativante: uma história de heróis, vilões e apocalipses... e de uma rapariga normal - bem, mais ou menos - a tentar fazer o que está certo.
Autores: G. Willow Wilson e Adrian Alphona
Origem: Recebido para crítica
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