quarta-feira, 3 de julho de 2013

A Rapariga de Olhos Azuis (Tara Moore)

Para Anya Keating, Lismore é o único lar possível, o único que alguma vez conheceu. Aí encontrou serenidade e conforto, um refúgio para um passado terrível. Mas a tranquilidade está prestes a terminar. Primeiro, Macdara pede-a em casamento, uma proposta que, por mais que goste do seu velho chefe, Anya não pode aceitar. Depois, a neta de Macdara regressa e com ela uma certa agitação, alguns conflitos e um segredo sombrio que oculta também um elaborado plano. É que Orla, a tão amada rapariga de olhos azuis, a neta predilecta de Macdara, está longe de ser a santa que ele imagina. E, tal como muitos dos que o rodeiam, também ela tem os seus segredos a proteger.
Parte do que torna este livro cativante está na forma como a autora consegue conjugar os elementos mais leves de um romance, como a paixoneta quase inocente de Anya, com um enredo de contornos bem mais sombrios, onde a intriga e o interesse são factores inevitáveis, o passado das personagens cria uma aura de mistério e até o crime parece marcar presença. Desta conjugação resulta uma leitura envolvente, com um ritmo agradável e rico em momentos intensos, e onde episódios mais descontraídos - e, ocasionalmente, divertidos - se fundem com um crescendo de intriga e de tensão que, além de tornar a história viciante, a torna também mais complexa.
Um outro aspecto interessante é a forma como, entre personagens eminentemente boas e algumas aparentemente malévolas, a autora consegue percorrer as linhas gerais de uma história de redenção, mas sem cair, salvo em pequenos detalhes, na previsibilidade. Há personagens cruéis com razão de o ser, e outras que o são por motivos pouco compreensíveis, da mesma forma que há personagens sempre generosas, apesar do passado, e outras cuja bondade se molda consoante as circunstâncias. Há um pouco de tudo, no fundo, tal como na realidade. E isso é também parte do que torna a história interessante.
Há, ainda, a capacidade da autora de manter o suspense ao longo do enredo, surpreendendo com ocasionais revelações, algumas de maior impacto, outras nas pequenas coisas, ao mesmo tempo que, se o rumo dos acontecimentos se torna previsível, a surpresa é colocada na explicação dos porquês. Assim, se é, por vezes, fácil, adivinhar os acontecimentos, as razões para esse acontecimento compensam a facilidade dessa descoberta. Quando um comportamento parece injustificável, uma escolha surge para lhe dar uma nova perspectiva. E, de tudo isto, resulta uma história que nunca perde o interesse, tanto nos grandes momentos como pelas pequenas coisas.
E, assim, é, naturalmente, muito positiva a impressão que fica de A Rapariga de Olhos Azuis. Envolvente e surpreendente, com momentos de grande intensidade e um interessante lado sombrio a equilibrar a relativa inocência dos momentos mais românticos, um livro cativante do início ao fim. Muito bom.

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