Adam Marsh herdou o estranho dom da mãe. Quando olha nos olhos de alguém, consegue ver a data da morte dessa pessoa. Mas a sua capacidade peculiar não lhe tem trazido muitas vantagens. Forçado a mudar-se para Londres após uma inundação, Adam vê-se rodeado de pessoas cujo número se repete. 112027. O primeiro dia do ano que se seguirá trará catástrofe e morte à cidade de Londres. Mas quem acreditará nele, se Adam tentar avisar alguém? Além disso, ao chegar à sua nova escola, Adam cruza-se com Sarah. O número dela parece estar ligado a ele, como a promessa de algo de bom. Mas, para ela, ele é o rapaz dos seus pesadelos, aquele de quem tem de proteger o seu tesouro mais precioso... Talvez o destino de ambos seja atravessar a catástrofe juntos... ou talvez fosse preferível que os seus caminhos nunca se cruzassem.
Com um novo protagonista, mas com a mesma premissa do primeiro volume desta série, este é um livro que cativa principalmente pela peculiaridade dos dons das personagens, pelo ambiente de calamidade iminente e por um toque de ternura a contrastar com o lado mais sombrio - e, em certos momentos, dramático - do enredo. A escrita é agradável e cativante, no seu estilo bastante directo, e a narração dos acontecimentos do ponto de vista dos dois protagonistas permite um interessante contraste entre as perspectivas de ambos. Sarah e Adam têm dons diferentes, percursos diferentes - ainda que igualmente atormentados - e ideias diferentes do que é preciso fazer. Por isso, os seus pontos de vista completam-se, tal como acontece com as suas histórias.
Quanto ao dramatismo, há alguns momentos um pouco exagerados, principalmente na fase inicial. Alguns excessos de tensão levam a comportamentos bruscos das personagens, mas estes episódios são sucedidos por outros bem diferentes. Fica, assim, por vezes, a sensação de mudanças demasiado bruscas a nível de atitude, principalmente nos momentos em que uma certa fúria adolescente acaba por se manifestar.
Há, ainda assim, bastante de interessante nas personagens, já que, excluídos os comportamentos mais excessivos, as ligações acabam por ser cativantes. Além disso, o cenário em que se movem, com a iminência da catástrofe em fundo, torna as coisas bastante mais intensas, abrindo caminho para um final bastante forte a nível emocional. Nem todos os momentos tem essa intensidade, é certo, mas há uma empatia que se vai estabelecendo relativamente às personagens, e isso contribui para manter a envolvência da história.
De tudo isto, a ideia global que fica deste Números: O Caos é a de uma história envolvente, escrita de forma agradável e com um conjunto de momentos intensos a realçar os pontos fortes de uma base interessante. Gostei, portanto.
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