Aproxima-se o momento em que a profecia se concretizará e o futuro não se afigura promissor para a humanidade. Halvard, o Filho do Dragão, lançou caos e morte em todos os lugares que pisou, e as suas forças parecem ser em tudo superiores. Aproxima-se a Noite Branca, a hora em que o Conhecimento Absoluto poderá ser assimilado. E, por mais que tente, por mais soluções que procure, Kelda não vê forma alguma de deter os passos do irmão que outrora amou. Mas desistir nunca será uma opção. E, para cada nova descoberta de horror ou cada novo fracasso, Kelda descobrirá também novas forças e um laivo de esperança, ténue, mas suficiente para a manter de pé até ao momento fulcral. Muito terá de ser sacrificado para impedir a realização da profecia. Mas, mesmo contra todos, contra o seu próprio coração, Kelda está disposta a resistir - à dúvida, ao sofrimento, à tentação - e a perseverar na missão que lhe foi confiada.
Derradeiro volume de uma já longa saga, este é, naturalmente, um livro de que se esperam muitas respostas. E essas respostas são dadas, de facto. Algumas são relativamente fáceis de deduzir, outras abrem caminho a possibilidades inesperadas. Todas, em conjunto com as novas perguntas que despertam e com as respostas também a essas perguntas, servem de base a uma conclusão cativante, sempre interessante e que, apesar de um enredo de ritmo relativamente pausado, marca pelos momentos intensos e por um fortíssimo impacto emocional.
Chegados a este ponto, quase todas as personagens são já familiares. Há, ainda assim, novas revelações, desde segredos ocultos na sua natureza, a modificações operadas pelo rumo dos acontecimentos. Também isto contribui para o tal lado emotivo do enredo, já que estas novas descobertas, aliadas aos traços já conhecidos das personagens, colocam tanto a protagonista como os que a rodeiam perante escolhas e episódios marcantes. Isto acontece nos grandes acontecimentos, sendo particularmente evidente no final, mas também nas pequenas coisas, revelando forças e fragilidades que realçam a humanidade - e, como tal, a falibilidade - das personagens.
Este é também o culminar de um ambiente que, de livro para livro, se vinha tornando mais sombrio. A visão detalhada do mundo e das acções de Halvard, traçada pelo olhar de Kelda, apresenta momentos de grande crueldade, episódios macabros e situações aparentemente desesperadas. O lado das trevas é, neste livro, retratado com a máxima precisão. Isto acaba por criar um contraste interessante, quer no que opõe Halvard a Kelda, quer nos conflitos interiores da própria Kelda. Há, aparentemente, uma linha bem definida entre o bem e o mal, mas, por vezes, essa linha esbate-se, resultado daí alguns momentos muito interessantes.
E depois há a emoção, ainda e sempre, a empatia que mantém viva a ânsia de saber mais sobre o futuro destas personagens já tão próximas. Mesmo nos momentos mais negros, mesmo quando as decisões são questionáveis, há algo na história e no carácter destas personagens que consegue sempre falar ao coração. E há momentos verdadeiramente comoventes a surgir na luta de cada um deles.
Eis, portanto, uma conclusão à altura para esta longa e interessante saga. Envolvente e emocionante, com personagens fortes e momentos verdadeiramente marcantes, Sombras da Noite Branca conclui com a mesma emotividade e a mesma magia a história iniciada em A Última Feiticeira, num final belo, intenso... e muito bom.
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Ai, estou tão ansiosa por poder continuar a ler esta série! Fui lendo os primeiros livros há anos, mas depois como não tinha acesso aos restantes, acabei por parar e agora já nem sei até qual eu li, de maneira que comecei agora a ler do início... Mas vou querer ter a série toda, porque o que li conquistou-me logo :)
ResponderEliminarBeijinho