Uma ameaça sem precedentes paira sobre a Casa Branca. A qualquer momento, um vírus informático pode erradicar toda a tecnologia dos Estados Unidos, causando caos e destruição a uma escala nunca antes vista. E resta muito pouco tempo para o travar. A melhor hipótese é seguir os passos de dois dissidentes que parecem determinados a correr o risco de ajudar o presidente. Mas, para isso, Jonathan Duncan terá de seguir as instruções, mantendo todo o seu pessoal às cegas numa tentativa de prevenir o ataque - ou então de minimizar os estragos. Até porque uma coisa é certa: há um traidor no seu círculo interno. E descobri-lo pode ser secundário face à necessidade de travar o vírus, mas é, ainda assim, necessário.
Há uma característica que é, à partida, expectável neste livro, a partir do momento em que tem o nome de James Patterson na capa: será, certamente, uma aventura viciante. E esta expectativa é altamente cumprida, não só devido à intensidade do enredo, que é todo ele uma corrida contra o tempo, cheia de acção e de reviravoltas, mas também à construção das próprias personagens, que, movendo-se num mundo implacável, fazem sobressair, acima de tudo, as qualidades que as sustentam em tempos de crise.
Parte do que torna tudo tão intenso é o protagonista. Jonathan Duncan, enquanto presidente de uma super-potência, tem de tomar decisões difíceis e escusado será dizer que a política e a estratégia desempenham um papel fulcral neste livro. Mas é também uma personagem profundamente humana e inesperadamente complexa: a perda da esposa, a doença, o passado apenas ligeiramente aflorado, mas mais do que suficiente para despertar empatia e a forma como equilibra as necessárias manobras políticas com uma vontade profunda de fazer algo de bom acrescentam à figura do presidente uma nova camada de complexidade que o torna muito mais interessante. E, claro, há o seu lado vulnerável: não é apenas o presidente que dita ordens ao ritmo da crise. É um homem que se preocupa, angustia e sofre com o que está a viver e com o que tem de fazer.
E, claro, isto é essencial para potenciar o impacto de tudo o resto, pois grande parte da história gira em torno de relações de confiança e traição. O vírus, com todos os passos necessários para o combater, pode ser o elemento central nesta corrida cheia de acção e de perigo, mas é ao acrescentar os outros elementos que a história se torna memorável. Bach, com o passado que a levou às circunstâncias actuais. Carolyn, braço direito de Duncan. Kathy, alvo de todas as suspeitas. Augie, criador do vírus e potencial salvador. Todas estas personagens são mais do que inicialmente pareciam e é também isso que torna o enredo tão fascinante. E o fim... o fim é de uma intensidade irresistível, cheio de surpresas e profundamente satisfatório.
Intenso, viciante, cheio de personagens marcantes e com um enredo sempre surpreendente, trata-se, pois, de um livro que, apesar de extenso, se devora quase de uma assentada. Surpreendente na história, mas também na construção das personagens, uma belíssima aventura que é muito mais do que apenas um thriller político. Recomendo.
Título: O Presidente Desapareceu
Autores: Bill Clinton e James Patterson
Origem: Recebido para crítica
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