A Bia e a sua amiga Pureza - que, diga-se de passagem, é um unicórnio - já estão habituadas a viver pequenas grandes aventuras juntas. Pequenas porque pode ser algo tão simples como um passeio à chuva. Grandes, porque contêm sempre uma revelação. E magia, claro. Porque as capacidades da Pureza vão desde a mera contemplação da sua estonteante beleza a iluminar a casa quando falha a luz, passando por uma influência discreta nos presentes que a Bia recebe e pela maior magia de todas: a amizade. Esta é mais uma das cativantes aventuras deste duo improvável e enternecedor.
Há dois aspectos que sobressaem sempre ao ler um destes livros - e este novo volume não é excepção. O primeiro é a forma como, embora composto por vários episódios breves, constrói, ainda assim, uma linha sequencial para a vida da Bia e da Pureza. São histórias breves e simples que, em conjunto, formam um todo maior, mas que também podem ser lidas de forma mais ou menos independente (ainda que a maioria se estenda por algumas páginas). Faz, de certa forma, lembrar Calvin e Hobbes, mas com... bem... um unicórnio. Além disso, há outro ponto em comum: a inocência. É tudo muito simples, as histórias são bastante breves, mas importa ter sempre presente que as protagonistas são uma miúda e um unicórnio. Mostram, por isso, uma inocência que, além de particularmente enternecedora, faz todo o sentido num livro como este.
Este equilíbrio de simplicidade e inocência faz especial sentido tendo em conta que se trata de um livro juvenil. Mas tem também uma outra faceta: às vezes, não são precisas muitas palavras para dizer uma grande verdade. E a verdade é que, nas aventuras da Bia e do seu unicórnio, há sempre uma presença mais ou menos discreta de mensagens e valores positivos que não só são importantes de transmitir aos mais novos como também de lembrar àqueles de nós que já deixámos a juventude para trás.
E, claro, há ainda aquele ponto para que é impossível deixar de olhar: a ilustração. Havendo um unicórnio envolvido, é apenas expectável que cor e brilho não faltem. Mas também aqui se nota o tal equilíbrio entre simplicidade e inocência, sem grandes elaborações nos cenários, mas com uma expressividade surpreendente a dar vida às personagens. Além, é claro, das particularidades de algumas das personagens (como, por exemplo, um dragão de aspecto surpreendentemente fofo que diz "rau"), que são algo de particularmente cativante.
Leve e simples, inocente e enternecedor, trata-se, em suma, de mais um conjunto de pequenas histórias que formam, ao todo, uma história maior. A história de uma amizade improvável, mas muito verdadeira, e de toda a magia que daí pode resultar.
Título: Chapéus Há Muitos, Unicórnio!
Autora: Dana Simpson
Origem: Recebido para crítica
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