segunda-feira, 3 de novembro de 2014

A Seleção (Kiera Cass)

America Singer sabe que ser uma das Seleccionadas poderia resolver muito dos problemas da sua vida, mas entrar na competição é tudo o que ela não quer. Primeiro, porque não tem propriamente a melhor das imagens do príncipe Maxon, aquele por quem as trinta e cinco Seleccionadas competirão. Mas, mais do que isso, o seu coração tem outro dono e é com Aspen que quer ficar, ainda que o facto de pertencerem a castas diferentes levante inúmeros problemas. Mas as dúvidas quanto ao que poderia ser - e alguns mal-entendidos entre ambos - acabam por fazer com que America preencha o formulário. E, a partir do momento em que o seu nome é escolhido, tudo muda. Para trás terão de ficar a família e a forma de vida do passado. No palácio, espera-a o desafio de uma vida... e a descoberta de que o que tinha como certo não é necessariamente verdade.
Um dos aspectos mais interessantes neste livro é que, apesar de ser bastante simples, tanto em termos de história como de escrita, consegue, apesar disso, cativar desde o início. Narrado na primeira pessoa pela protagonista, cria uma agradável sensação de proximidade e uma perspectiva mais próxima do funcionamento do sistema. E se, por outro lado, esta perspectiva acaba por ser um pouco restritiva, já que o conhecimento de America tem os seus limites, aquilo que é revelado é mais que suficiente para despertar curiosidade, criando uma certa expectativa para o que se seguirá. Além disso, há bastante potencial em toda a questão do sistema de castas e nos misteriosos motivos dos rebeldes.
Apesar do que há de interessante no cenário, é nas personagens que se centra a história. E, no que a elas diz respeito, sobressaem principalmente alguns momentos divertidos e uma emotividade envolvente. Tendo em conta a situação em que se movem, fica a impressão de que haveria espaço para um pouco mais de conflito, especialmente considerando o ambiente de competição, mas, apesar disso, as interacções de America e Maxon conseguem ser realmente cativantes. 
Quanto à questão dos sentimentos divididos da protagonista, há claramente ainda muitas possibilidades por explorar. Ainda assim, e tendo em conta a evolução das coisas, é particularmente positivo notar que, apesar do evidente triângulo amoroso, há uma certa naturalidade no desenvolvimento das relações, principalmente no que diz respeito a Maxon.
Trata-se, portanto, de uma história que, apesar do muito potencial ainda por explorar, consegue despertar curiosidade para as suas personagens e o universo em que se movem. Envolvente, de leitura agradável e com alguns momentos especialmente bem conseguidos, um início promissor.

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