sábado, 29 de fevereiro de 2020

Tu És o que Pensas (James Allen)

O pensamento é a raiz da acção - mas é também mais do que isso. Da soma dos pensamentos resulta o carácter. Dos pensamentos elevados resultam os grandes ideais e valores. E, da perspectiva da possível existência de uma justiça universal, é também no pensamento recto que têm origem os bons resultados, sucedendo o contrário a quem alimenta pensamentos impuros. É este o ponto de partida deste livro, como, aliás, resulta evidente do título. Um livro curto, mas com uma visão bastante abrangente do pensamento enquanto força motriz da vida.
Uma das primeiras coisas que importa dizer sobre este livro é que, apesar da brevidade, não é necessariamente uma leitura fácil. A visão do pensamento enquanto elemento fulcral do carácter traz associada uma perspectiva exigente da forma de conduzir a vida, o que significa que este livro pode ser tudo, menos um guia de passos fáceis. Não é. E, embora inicialmente possa ser intimidante com as suas reflexões profundas sobre o pensamento, a pureza absoluta e a necessidade de rectidão em todas as coisas, a verdade é que há muito de pertinente a retirar desta visão.
Outro aspecto que sobressai é o equilíbrio entre complexidade e brevidade: a visão é vasta e complexa, tanto que é quase impossível imaginar que possa caber em menos de cem páginas. E, ainda assim, está tudo lá, e o tudo é muito. Talvez seja o registo em si a dar forma a este equilíbrio, com os seus parágrafos longos e a exposição concisa, mas meticulosa, das coisas. E é verdade que este tom torna a leitura um pouco mais densa. Ainda assim, o que mais sobressai desta conjugação de factores é que há tanto a retirar das ideias essenciais que o livro acaba por ser mais do que a soma das suas palavras.
Claro que o impacto será diferente para cada leitor. Não poderia ser de outra forma num livro sobre a força do pensamento. Mas, se é certo que leva o seu tempo a assimilar, também o é que, com mais ou menos ponderação, deixa sempre uma visão positiva na forma como reflecte o anseio por ideais mais nobres. Há lições a tirar? Sem dúvida. Quais, cabe ao leitor decidir.
Breve mas vasto, complexo e muito relevante, trata-se, pois, de um livro cuja soma é bem maior do que as das suas cerca de oitenta páginas. É certo que tem o seu nível de exigência... mas é também isso que o torna tão interessante.

Autor: James Allen
Origem: Recebido para crítica

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