terça-feira, 19 de outubro de 2021

A Criatura do Lago (Bruno Matos e Raquel Carrilho)

A Mizé está a precisar de sossego. E por isso decide ir passar uns dias com os seus amigos da Família Monstro. Só que, em Monstrópolis, nunca há dias aborrecidos e, sendo assim, é certo que tem à sua espera uma bela aventura. Tudo começa com uma visita a um primo da Mamã Ogre, que vive numa casa humilde junto ao lago. Mas essa casa humilde transformou-se na fortuna do proprietário, através da inesperada de um monstro cuja fama atravessa mundos: a Nak'ia... ou Nessie. E há muitos interessados nela, nem todos com boas intenções.
Parte do que torna estas histórias tão cativantes é a forma como, de forma simples e divertida, conseguem proporcionar sempre uma bela aventura sem perder de vista as mensagens e valores que se pretende realçar. Neste caso, temos vários, desde o medo da diferença à forma como traumas passados levam a generalizações erradas, sem esquecer, claro, a forma como a ganância leva a atos censuráveis, e também que as aparências iludem. Tudo isto está presente nesta história e é refletido da mais eficaz das formas: pelo exemplo. Ora, tendo em conta que se trata um livro infantil, esta forma de transmitir a mensagem é, evidentemente, a mais eficaz.
Mas a mensagem não é tudo. Importa olhar para a história e para a forma como é construída. Ao terceiro volume da série, há um conjunto de características que são, à partida, expectáveis: as ilustrações cheias de cor e de expressividade, a relativa brevidade de uma história a que, apesar disso, não falta ação nem coisas interessantes a acontecer, e um núcleo de personagens surpreendentemente fofas, dada a sua natureza. Mas há também elementos novos: novas personagens, novos desenvolvimentos e uma nova aventura para descobrir, o que significa que as histórias nunca se tornam repetitivas.
Importa, finalmente, referir que, apesar de ser uma história pensada para um público jovem, daí a relativa simplicidade, tem o cuidado de não se tornar demasiado simples. E isto aplica-se não só à história, mas também à escrita, havendo um claro incentivo ao desenvolvimento de um vocabulário maior. Além, claro, de alguns pormenores deliciosos, como a existência de uma personagem chamada Baaz Ofya.
Simples e divertido, com uma história cativante e uma mensagem forte, trata-se, em suma, de um livro perfeito para os mais novos, mas perfeitamente capaz de cativar também os que... já não o são. É sempre bom reencontrar esta curiosa família, e ir com ela à aventura.

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