O caminho da vida pode assumir muitas formas. Visto da perspetiva espiritual, pode surgir também representado por muitos símbolos. E as tradições, lendas e figuras da sabedoria oriental podem ser vagamente familiares, mas a base subjacente é muito mais vasta do que, à primeira vista, pode parecer. Este pequeno livro traça as bases do caminho da sabedoria segundo algumas dessas tradições. E fá-lo com uma certa poesia, que pode começar por parecer desconcertante, mas que se entranha, de forma quase inconsciente, no pensamento.
Uma das impressões mais marcantes deste livro é o contraste entre a brevidade das suas cerca de setenta páginas e a complexidade global. Da linguagem aos conceitos, passando, naturalmente, pela vasta tradição que lhe está subjacente, este é um livro que parece ser muito maior do que a sua dimensão física. E, lido sem grandes conhecimentos prévios sobre o assunto, a impressão inicial pode, pois, ser de uma certa perplexidade ante um tão vasto mundo contido em tão poucas páginas.
Passado o desconcerto inicial, surge o fascínio. A escrita tem uma cadência singular, que quase parece evocar a aura de um rito iniciático. Os muitos elementos novos despertam a vontade de saber mais, de ler mais sobre o tema. E o contraste entre a abundância de nomes e símbolos e a facilidade com que se reconhecem neles aspetos da realidade é particularmente cativante.
Tem, naturalmente, uma certa ambiguidade, até porque se há algo que não pretende fazer é apontar caminhos fáceis. Mas, mais do que desorientação, e apesar da já referida perplexidade inicial, o que fica é uma vontade de aprofundar conhecimentos, não só da perspetiva dos caminhos apresentados, mas da tradição maior em que eles se enquadram.
Breve e surpreendentemente fluido, dada a complexidade e a abundância de elementos presentes, trata-se, pois, de um livro cativante, poético e que funciona também como uma espécie de porta para as portas que pretende apresentar. Fica na memória, em suma. Pela voz e pelo conteúdo.
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