sexta-feira, 2 de outubro de 2009

A morte de Bunny Munro (Nick Cave)

Bunny Munro, caixeiro-viajante, casado e com um filho de nove anos. Este é o improvável protagonista de uma história dura e cruel, mas que se entranha na mente do leitor de uma forma indelével. Quando a mulher de Bunny se suicida, e este parte com o seu filho numa viagem pela costa sul de Inglaterra, o seu objectivo é esconder-se na vida boémia e vulgar que sempre levou, a fazer o seu trabalho. À medida que os eventos se sucedem, contudo, o que parece ser apenas mais uma viagem transforma-se numa descida à ruína e à degradação.
Este é um livro forte e directo, sem misericórdia. À medida que o autor nos conduz através dos passos de Bunny Munro, não somos poupados às sombras, ao asco, ao horror e à tragédia. E, ao longo das páginas que constituem este livro, Nick Cave mistura, de forma magistral, o sexo, as drogas e a decadência da vida, com um elemento que é, ao mesmo tempo, esperança e mau presságio: um fantasma.
Não há floreados neste livro, para tornar a história mais suave. Tudo nesta história é frio e duro e é assim que o autor a apresenta: clara, dura e precisa. E, à medida que o fim se aproxima, também a ligação do leitor ao protagonista vai mudando, desde o nojo inicial até uma compaixão quase inconsciente. Afinal, esta não é só uma história de decadência: é também uma reflexão sobre a redenção.
Não será um livro para agradar a todos os leitores. A sua escrita dura e sem subterfúgios, acentuada por um forte cariz sexual e agressivo de alguns momentos, requer uma mente forte e aberta para ser compreendida em pleno. Para quem conseguir apreciar este tipo de livro, contudo, frio e, por vezes, violento, mas devastador na sua realidade, então A Morte de Bunny Munro será um livro inesquecível.
Magnífico.

1 comentário:

  1. Adorei esta crítica tua! Para além de muito bem desenvolvida, fez-me querer pegar JÁ no livro!

    Folheei-o ainda hoje numa livraria... Acho que nunca pegaria nele se não fossem o par de opiniões que já li, para além da tua!

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