Há livros que, pelas suas características peculiares, tornam difícil expressar por palavras a opinião com que deles se fica. E este conjunto de três contos é, sem dúvida, um deles.
Abordando temas complexos, como a Primeira Guerra Mundial, e inserindo nestes o elemento do fantástico, do improvável, Arthur Machen descreve, de uma forma soberba, a reacção das pessoas ao impossível. E este é a linha em comum dos três contos: em todos eles há os que tentam perceber o que se está a passar, enquanto outros se resignam à fé ou ao cepticismo, refugiando-se na sua opinião formada.
Com uma escrita complexa, mas magnífica, a corresponder em pleno à complexidade do enredo, o autor transporta-nos através do mistério, relatando acontecimentos incríveis e tenebrosos, ao mesmo tempo que expõe e depois descarta as possíveis explicações para essas mesmas ocorrências. E tudo isto escrito de forma magistral, num estilo a fazer recordar Poe, ou Arthur Conan Doyle (este último pela forma como os personagens exploram as possibilidades para chegar à resolução do mistério).
Capaz de nos surpreender com o imaginário do seu mundo, este é um livro que talvez não seja adequado a todos os leitores. A complexidade da escrita e do enredo tornar-se-ão, talvez, um pouco cansativos, principalmente para quem está habituado à fantasia mais simples e com mais acção. Ainda assim, para quem estiver disposto a empreender uma leitura um pouco diferente, este é um livro que, devidamente apreciado, compensará todo o esforço. Eu gostei imenso.
Olá Carla,
ResponderEliminarJá li este livro antes da SE editar =(
Andava à procura de livros de HPL e encontrei esse belo titulo que por acaso na intro fazia reerencia à influência que Machen teve em HPL comprei e gostei muito, segui-se o Grande Deus Pã(Pan , depende das edicoes) e so recemente é que a SE começa a editar Machen, e ainda bem, ao contrário de outras ficções pioneiras do género, como o caso de Lord Dunsany.
Os livros que li dele deixaram me sempre com a sensação que dali nasceram muitas obras...
Tens que ler também o Grande Deus Pã (de preferência a edição da SdE). Também vais gostar :)
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