A Princesa de Clèves (Madame de Lafayette)

Quando chega à corte, a Menina de Chartres atrai sobre si todos os olhares, quer pela sua beleza, quer pela sua quase impossível inocência. Após o seu casamento com o Príncipe de Clèves, um homem bom e nobre, mas por quem nada sente, contudo, começa a sentir uma perigosa inclinação pelo atraente Senhor de Nemours. Esta será, pois, a história do seu dilema entre a paixão e a fidelidade, por entre as intrigas e os jogos da corte francesa.

Este é um livro em que, inicialmente, é difícil entrar, principalmente por começar imediatamente com um sem fim de personagens, acontecimentos e relações de corte, quase como uma cronologia. Essa é, contudo, a parte cansativa do livro, e a partir do momento em que a história se centra no triângulo formado entre a senhora de Clèves, o seu marido e o seu apaixonado, o enredo torna-se bem mais complexo. São promessas de virtude, juramentos no leito de morte e outras circunstâncias igualmente consideráveis as que pesam na mente da princesa, quando tem de decidir entre permanecer fiel ou cair na tentação e ceder ao homem que ama.

Um outro aspecto que me fascinou nesta obra foi encontrar aqui algumas personagens que conhecia dos romances de Alexandre Dumas, nomeadamente o príncipe de Condé e a duquesa de Valentinois, ainda que nesta obra assumam um papel secundário.

Ainda a ter em conta o retrato da corte francesa que nos é passado por esta história. Na sombra da realeza, o ambiente de intriga, as oscilações hierárquicas, onde subitamente se passa de favorito a desgraçado, e o costume quase normal da traição entre homens e mulheres casados, dão-nos uma ideia bem diferente da realeza da época. Por último, e tendo em conta que esta é uma obra publicada pela primeira vez no século XVII, é sempre surpreendente ver como alguns aspectos permanecem imutáveis com o passar do tempo, nomeadamente a excessiva curiosidade pela vida alheia.

Em suma: uma boa história, um pouco difícil de começar, mas que compensa se se ultrapassar a barreira das páginas iniciais, um pouco cansativas. Além disso, para os interessados no romance histórico, e particularmente na história da corte francesa, este será, sem dúvida, um bom romance.