É o último dia de aulas e Percy sente-se invulgarmente feliz: pela primeira vez, conseguiu chegar ao fim do ano lectivo sem ter sido expulso da escola. Mas essa paz está prestes a terminar. Tudo começa com um inesperado ataque de monstros canibais em plena aula... e as coisas não tardam a descontrolar-se. É que também entre os semideuses a situação está a descontrolar-se. A árvore que mantinha as defesas foi envenenada e só um artefacto poderoso pode salvá-la. Um artefacto que, por acaso, está em pleno Mar dos Monstros, onde o amigo de Percy, Grover, está também metido em sarilhos...
Um dos aspectos mais interessantes desta série, e um que se torna evidente logo ao iniciar a leitura deste segundo volume, é a agradável sensação de familiaridade que surge com o regresso. Agora que muitas das personagens são já conhecidas, tal como o mundo em que se movem e as relações entre elas, voltar a este mundo é como reencontrar um local onde já fomos felizes. É um mergulho imediato num oceano conhecido, onde tudo é agradável e cativante, e onde há também espaço para novos momentos bons e novas surpresas.
Porque surpresas não faltam. O regresso de Percy vem acompanhado de grandes mudanças, desde aliados que foram afastados a novas e inesperadas aparições dos inimigos, sem esquecer a sempre viciante teia de perigos e momentos de acção que trazem consigo não só novos elementos da mitologia (com todas as peculiaridades associadas) mas também toda uma série de aventuras intensas e surpreendentes. E, no centro de tudo, também um conjunto de sentimentos fortes: a amizade que une os protagonistas, a vulnerabilidade de se estar entre o mundo dos deuses e o dos humanos, o sempre delicado equilíbrio entre a necessidade de confiar e a possibilidade de se ser novamente enganado. Há muito de marcante a acontecer nesta história e é também por isso que é muito difícil parar de ler.
Também a escrita contribui para este embalo viciante. Ao narrar as aventuras de Percy na primeira pessoa, o autor cria uma proximidade muito mais intensa. Além disso, a visão necessariamente limitada de Percy sobre o contexto global de um mundo que apenas começou a desvendar faz com que cada revelação tenha um maior impacto. E, claro, há uma certa familiaridade na voz simples e divertida que o autor dá ao seu protagonista. Percy é jovem e é a própria escrita que nos lembra disso.
Trata-se, pois, de um segundo volume que corresponde inteiramente às expectativas, proporcionando uma aventura intrigante e cheia de surpresas ao mesmo tempo que promete já novas descobertas e novas vicissitudes para o caminho que se seguirá. Intenso, equilibrado e muito, muito viciante, um livro que prende desde as primeiras páginas e que não deixa de surpreender até ao fim. Muito bom, em suma.
Autor: Rick Riordan
Origem: Aquisição pessoal
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