A derrota sofrida contra Wetumpka pode muito bem ter sido o início do fim da hegemonia de Euless Boss, mas este não está disposto a cair sem dar luta. Por isso, quando as derrotas começam a acumular-se, Boss renuncia aos poucos escrúpulos que lhe restam, disposto a fazer tudo o que for preciso para ganhar. Só que os inimigos estão à espreita... e não são assim tão poucos. Desde a filha do falecido Earl Tubb aos muitos que se viram forçados a aceitar o seu domínio, são vários os olhos à espreita de uma debilidade. E, quando assim é, uma coisa é certa. Euless Boss pode até sobreviver, mas dificilmente as coisas ficarão na mesma.
Quando, ao quarto volume, a primeira impressão a emergir é novamente de surpresa total, então algo vai muito bem nesta série. E surpresa total por múltiplas razões: desde o crescendo de intensidade que, vindo do primeiro volume, continua a manifestar-se, à expansão de personalidades e consequentes motivações que faz com que cada desenvolvimento seja sempre algo de inesperado. Além claro, da capacidade de despertar emoções fortes, sejam elas de empatia ou de (no caso do coach Boss) de uma aversão cada vez maior.
Cada volume acrescenta novas complexidades, como se de um jogo de xadrez particularmente elaborado se tratasse. Euless Boss é uma espécie de rei - do tipo que todos querem derrubar. E sendo uma personagem que já revelou as suas piores facetas, mas também o percurso que o conduziu até aí, não é, em circunstância alguma, um vilão previsível. Tal como os supostos heróis não o são. Talvez seja também isso que faz com que esta história deixe marcas tão profundas: é que não há ninguém nesta história que se aproxime sequer da perfeição... mas é precisamente isso que os torna tão reais.
E depois, claro, continuam bem presentes as características dos volumes anteriores: desde a intensidade dos momentos de acção e violência aos inesperados rasgos de introspecção e nostalgia que parecem rasgar um mundo onde não há espaço para esse tipo de sentimentalismos. Tudo num mundo pejado de sangue, tiros e... futebol... em que cada diálogo, expressão ou tom contribui para realçar as características mais vincadas da história.
Eis, pois, que, ao quarto volume, se voltam a cumprir e superar as expectativas, num livro que, embora deixando muito em aberto, quase insinua uma viragem de ciclo para o que se poderá seguir. Intenso, viciante e a transbordar de surpresas, um belíssimo desenvolvimento para uma história já cheia de qualidades. Muito bom.
Autores: Jason Aaron e Jason Latour
Origem: Recebido para crítica
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